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Limitar formalmente o direito de voto não foi a única maneira de impedir a realização de eleições livres e justas antes de 1975. Durante o regime do Estado Novo (1933–1974) houve muitos outros constrangimentos. Desde logo, havia um “partido único”, a União Nacional. Até 1945, todas as eleições legislativas e presidenciais ocorreram sem possibilidade de candidaturas alternativas à União Nacional ou ao Presidente Óscar Carmona, e todo o processo — da elaboração dos cadernos eleitorais ao escrutínio — era completamente controlado pelo governo.

Por exemplo, nas eleições gerais de 1 de novembro de 1942, houve apenas uma lista concorrente. Os boletins de voto foram enviados pelo correio para casa ou distribuídos pela polícia e pela própria União Nacional às pessoas a quem era dado o direito de voto, uma pequena parte da população adulta. As assembleias eleitorais apenas estiveram abertas entre as 9 e as 14 horas para os eleitores irem devolver o boletim recebido.

Podiam somente fazer uma “escolha”: riscar da lista os nomes de candidatos a deputados que lhes merecessem menos confiança, exercendo um “voto negativo”, mas sem que os pudessem substituir por outros nomes. Na prática, a única consequência era que alguns candidatos eram eleitos com mais votos do que outros. A fraude era generalizada, com o objetivo principal de inflacionar o número de votantes, alimentado a ideia de que a participação e o interesse dos eleitores eram grandes.

“Dois homens: uma só obra”. General Óscar Carmona e António de Oliveira Salazar. Cartaz para as eleições Presidenciais de 1949, editado pela gráfica Lito de Portugal. Fonte: Arquivo do Museu da Presidência, PT/MPR/AOC/GV001/004. “Dois homens: uma só obra”. General Óscar Carmona e António de Oliveira Salazar. Cartaz para as eleições Presidenciais de 1949, editado pela gráfica Lito de Portugal. Fonte: Arquivo do Museu da Presidência, PT/MPR/AOC/GV001/004.
“Votai por Portugal”. General Óscar Carmona e António de Oliveira Salazar. Cartaz para as eleições Presidenciais de 1949, produzido pela União Nacional. Fonte: Arquivo do Museu da Presidência, PT/MPR/AOC/GV001/001. “Votai por Portugal”. General Óscar Carmona e António de Oliveira Salazar. Cartaz para as eleições Presidenciais de 1949, produzido pela União Nacional. Fonte: Arquivo do Museu da Presidência, PT/MPR/AOC/GV001/001.
Cartaz de propaganda “Portugueses votai no Estado Novo”. Secretariado de Propaganda Nacional, 1934. Design de João Ferreira. Fonte: Biblioteca Nacional de Portugal, CT-224-G-PL. Cartaz de propaganda “Portugueses votai no Estado Novo”. Secretariado de Propaganda Nacional, 1934. Design de João Ferreira. Fonte: Biblioteca Nacional de Portugal, CT-224-G-PL.

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