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No contexto desta discussão sobre a conveniência de adiar ou minimizar as eleições, e perante dúvidas sobre se os portugueses estariam preparados para votar, é interessante assinalar a clareza com que Fernando Salgueiro Maia falava sobre o assunto. Num raro depoimento público, concedido ao semanário Expresso em novembro de 1974, o capitão que comandou a operação militar mais importante e delicada do 25 de Abril defendia que era bom que as escolhas partidárias fossem conscientes e informadas, não precipitadas ou forçadas: “é indispensável evitar optar por um partido político como quem opta por um clube de futebol, que ganham sempre nem que seja moralmente”.

E acrescentava: “O movimento teve como objetivo devolver ao povo a capacidade de resolver, de escolher as normas em que quer viver, e a razão de ser do Exército é seguir a vontade popular como mandatário de um governo que a represente. Não há, neste contexto, limites para as possibilidades de opção e, se o povo desejar ir para o inferno, é para o inferno que iremos”. Para Salgueiro Maia, o papel dos militares não podia ser o de se substituir aos eleitores nas suas escolhas, mas somente o de lhes dar as condições para as fazerem livremente.

Salgueiro Maia. Fotografia de Marques Valentim. Salgueiro Maia. Fotografia de Marques Valentim.
“Garantir ao cidadão o conhecimento e a opção política”. Entrevista a Salgueiro Maia. Expresso, 30 de novembro de 1974. Fonte: Hemeroteca Municipal de Lisboa. “Garantir ao cidadão o conhecimento e a opção política”. Entrevista a Salgueiro Maia. Expresso, 30 de novembro de 1974. Fonte: Hemeroteca Municipal de Lisboa.

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