A partir de 1945, o Estado Novo começa a consentir a apresentação de candidaturas de movimentos e figuras da oposição ao regime. Contudo, as restrições foram sempre enormes, muito maiores do que as que António de Oliveira Salazar dava a entender quando dizia que as eleições iriam ser “tão livres como na livre Inglaterra.”


Desde logo, membros de vários desses partidos e movimentos de oposição ao regime eram perseguidos pela polícia política (a PIDE, Polícia Internacional de Defesa do Estado), presos, torturados e, nalguns casos, deportados para o Campo de Concentração do Tarrafal, na ilha de Santiago em Cabo Verde, de onde muitos nunca regressaram. A repressão mais intensa era especialmente dirigida aos membros do Partido Comunista, mas também atingia republicanos e anarquistas.



Além disso, toda a comunicação social era sujeita a censura, garantindo que as oposições permaneciam invisíveis à generalidade da população. As suas reuniões e comícios eram quase sempre proibidos e reprimidos, e os materiais de campanha apreendidos.
Cemitério do campo de concentração do Tarrafal, 1986.
Fotografias de Luís Carvalho/Herculana Carvalho (ca. 1950) e Alfredo Caldeira (ca. 1983). Fonte: Arquivo particular.