Como noutras empresas estatizadas, neste período, as administrações, as direções, os jornalistas e outros trabalhadores foram objeto de saneamentos. Se uns eram acusados de proximidade ao regime anterior, outros eram vítimas das disputas pelo domínio dos meios de comunicação social, que não eram apenas travadas entre políticos e militares, mas também entre os próprios trabalhadores.
Destaca-se um plenário dos trabalhadores do Diário de Notícias, a 18 de agosto, que terá contado com a presença de mais de 300 funcionários, durante o qual foi tomada a decisão de sanear 24 jornalistas sem direito a indemnização. O saneamento fora motivado pelo facto desses profissionais terem assinado um documento criticando o sectarismo ideológico do jornal e o chamado «Projeto Jesuíno». Esse documento acabaria por ser publicado no jornal Expresso, esse «miserável pasquim» como foi designado nas páginas do diário.
Comunicado de um grupo de jornalistas do 'Diário de Notícias' sobre a orientação ideológica do jornal. Fonte: ANTT
José Saramago, então diretor adjunto, não terá sido estranho aos saneamentos, seja porque convocara a reunião, seja porque, na melhor das hipóteses, não os terá impedido.
O caso adquiriu dimensão nacional e foi tema de debate na Assembleia Constituinte, com deputados do PPD e do PS a solidarizarem-se com os redatores despedidos. Simultaneamente, em concentrações junto à sede do jornal, gritavam-se as palavras de ordem «O Diário de Notícias é do povo, não é de Moscovo».
O Conselho de Imprensa e a empresa proprietária do jornal, a ENP (Empresa Nacional de Publicidade) viriam a considerar os saneamentos ilegais. A crise só terminou quando foi dada aos jornalistas a possibilidade de serem readmitidos ou indemnizados. Grande número dos saneados não regressariam à redação do Diário de Notícias, fundando o jornal O Dia a 11 de dezembro de 1975.
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