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A oposição entre o Conselho de Gerência e os trabalhadores da Rádio Renascença remonta ao imediato pós-25 de Abril, quando a emissora impediu uma reportagem sobre a chegada de Mário Soares e Álvaro Cunhal a Lisboa. A crise adensa-se, na sequência dos acontecimentos do 11 de Março, com a ocupação dos estúdios de Lisboa por uma comissão de trabalhadores.

Apresentado pela gerência como um conflito político-ideológico e por parte dos trabalhadores como um problema laboral, o Caso Renascença dividiu a opinião pública portuguesa.

A 18 de junho de 1975 verificou-se uma manifestação de apoio aos trabalhadores. A esta seguiu-se uma contramanifestação de repúdio pela ocupação por parte de católicos. Estando o conflito físico iminente, estes refugiaram-se no Patriarcado, acabando por ser evacuados em camiões militares abertos, recebendo injúrias dos seus oponentes.

 

Manifestação em frente ao Patriarcado, junho de 1975. Fotografias de Miranda Castela. Fonte: © Arquivo Fotográfico da Assembleia da República, PT-AHF/MC/R323

A 1 de julho, a comissão de trabalhadores é informada de que o Governo decidira devolver a Rádio ao Patriarcado. Milhares de trabalhadores, em Lisboa, protestam ao som da Internacional. Do lado da Igreja, organizam-se no Norte de Portugal várias manifestações reclamando a restituição da Rádio Renascença. É neste contexto que se iniciam os assaltos às sedes do PCP e dos partidos da extrema-esquerda também no Norte do país.

É já durante o VI Governo Provisório que primeiro-ministro Pinheiro de Azevedo manda encerrar, a 29 de setembro, a emissora.

Porém, a 21 de outubro, após uma grande manifestação, a Rádio Renascença volta a ser ocupada pela extrema-esquerda e retoma as emissões.

O conflito só é sanado quanto o Governo ordena a destruição dos emissores da Rádio Renascença, na Buraca, a 7 de novembro.

 

Destruição à bomba dos emissores da Rádio Renascença, 7 de novembro de 1975.Fotografia de Inácio Ludgero.
FMSMB, Fundo Inácio Ludgero
Destruição à bomba dos emissores da Rádio Renascença, 7 de novembro de 1975. Fotografia de Inácio Ludgero. FMSMB, Fundo Inácio Ludgero.

#50anos25abril