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A Europa e a descolonização após II Guerra Mundial (1939-1945)

Em 1945 a Europa encontrava-se em profunda crise. Por vastas zonas do seu território conviviam milhões de desalojados e deslocados, imersos nos escombros das cidades destruídas e dos campos devastados. A desorganização económica, social e política era uma realidade.

As duas maiores potências vencedoras da guerra, Os Estados Unidos da América e a União Soviética, embora com motivações distintas, consideravam que já não se justificava a manutenção dos impérios coloniais europeus. Por outro lado, em África ou na Ásia, os povos começavam a colocar em causa o domínio colonial, disseminando-se a ação de movimentos políticos e ideológicos que lutavam pela obtenção das independências.

É com esta realidade em pano de fundo que se inicia o processo de descolonização das potências europeias, com especial relevo para a Índia, em 1947. São processos complexos, muitas vezes longos e violentos. Até 1963, a esmagadora maioria dos territórios que integravam os impérios coloniais europeus já tinha ascendido à independência.

DANZIG 1945 BATALHA 2ª Guerra Mundial Imagem vintage em preto e branco da população local fugindo de uma Danzig destruída, 30 de março de 1945. Shawshots / Alamy Banco de Imagem
Danos de bomba da 2ª Guerra Mundial em Chigwell. Trindade, espelho, /, Mirrorpix , /, Alamy Banco de Imagem
DRESDEN, em 1945, após o bombardeio aliado. Pictorial Press Ltd / Alamy Banco de Imagem
Duas mulheres atravessando uma rua em ruínas. CBW / Alamy Banco de Imagem

Orgulhosamente sós

Salazar, 18 de fevereiro de 1965

 

Após o fim da II Guerra Mundial Salazar irá resistir aos Ventos da História.

Salazar irá resistir a Democratizar e irá resistir a Descolonizar.

“Para Angola rapidamente e em força.”
Salazar, 13 de abril de 1961

“Está tudo bem assim e não podia ser de outra forma.”
Salazar, 27 de agosto de 1962

Três guerras precedidas de três massacres

Angola

1961 Massacre da Baixa do Cassange e início da Guerra

A 4 de Janeiro de 1961, nos campos de algodão da Baixa do Cassange, na zona de Malange, milhares de camponeses daquela empresa entraram em greve e recusaram-se a pagar a sua taxa anual ao Estado Português.
A situação originou uma enorme repressão por parte das autoridades portuguesas, que intervieram com duas Companhias de Caçadores Especiais e fizeram uso da Força Aérea, que empregou bombas de napalm, de que resultaram entre 200 a 300 mortos e cerca de 100 feridos entre os camponeses. Há fontes que apontam para números consideravelmente mais elevados. O massacre da Baixa do Cassange transformou-se num símbolo da luta anticolonial.
A 4 de Fevereiro de 1961, duas centenas de angolanos empunhando catanas efetuaram várias ações armadas na cidade de Luanda: atacando uma viatura da Polícia Móvel, tentando tomar a Casa de Reclusão Militar (onde se encontravam a maioria dos presos políticos), ou ainda a cadeia da PIDE e a 7.ª esquadra da Polícia.
No dia 15 de Março, uma rebelião dirigida pela União das Populações de Angola (UPA), no Norte de Angola, ataca colonos portugueses e algumas populações negras, causando centenas de vítimas.
A violência e a barbaridade destas ações deixaram profundas marcas nos povos português e angolano.

Moçambique

1960Massacre de Mueda
1964 Início da Guerra

Em 16 de Junho de 1960 reuniram-se em Mueda milhares de agricultores que exigiram do governador, presente no local, a melhoria das condições de vida e a possibilidade de criação de cooperativas. Depois de várias horas de reunião sem qualquer acordo, as autoridades acabaram por dispersar a multidão com recurso às armas, o que se traduziu num verdadeiro massacre, julgando-se que possam ter tenham morrido cerca de meia centena de pessoas.
Este facto teve impacto decisivo sobre as populações macondes que, empenhadas desde então na luta contra as autoridades portuguesas, viriam a constituir a coluna vertebral da Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO).
Em finais de 1964 a FRELIMO decide iniciar a luta armada. Em 25 de Setembro pequenos grupos de guerrilheiros atacam duas pequena localidades, o Chai, em Cabo Delgado e o Cobué no Niassa. Até ao final do ano a guerrilha desencadeia outras operações em diversas localidades de Cabo Delgado, Niassa e Tete, espalhando grande insegurança entre as populações e o desnorte nas autoridades.

Guiné

1959 Massacre do Cais do Pidjiguti
1963 Início da Guerra

No dia 03 de Agosto de 1959, uma manifestação de trabalhadores portuários do cais do Pidjiguiti em Bissau, exigindo melhores salários, foi violentamente reprimida tendo provocado um elevado número de mortos e feridos. Este dia ficou conhecido como o da matança do Pidjiguiti.
Após este acontecimento o Partido Africano para a Independência da Guiné e Cabo Verde (PAIGC), decidiu iniciar a sua preparação para a luta armada.
Antes de iniciar as hostilidades o PAIGC enviou várias mensagens ao Governo português para que desse oportunidade aos habitantes da Guiné e Cabo Verde de decidirem o seu destino, e de exercerem o seu direito à autodeterminação. As propostas não mereceram qualquer resposta por parte de Lisboa.
Em 23 de Janeiro de 1963 o quartel de Tite, na margem esquerda do rio Geba, foi atacado por guerrilheiros do PAIGC, marcando assim o início da Guerra Colonial na Guiné.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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