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Portugueses e espanhóis conseguiram derrubar naqueles anos 70 muito do autoritarismo que vigorava nos dois estados e nas relações sociais. Por todo o lado se discutiam direitos sociais e de género, descolonização e direito à autodeterminação, a democracia participativa. Em Portugal socializaram-se terras e casas, nacionalizaram-se grandes empresas; em Espanha, exigiu-se a liberdade sindical, o reconhecimento das nacionalidades históricas, a libertação dos presos políticos, o regresso dos exilados. Contudo, os fortes movimentos sociais que, desde os anos 60, vinham impedindo a continuidade das duas ditaduras, não conseguiram concretizar todas as suas expectativas democráticas.

A mudança foi-se fazendo num clima de elevada tensão e violência política que já vinha de trás. A violência foi uma constante em Espanha, onde, sempre sob receio de um golpe militar que revertesse o processo de democratização, organizações radicais como a ETA e os GRAPO e os grupos armados que gravitavam à volta dos restos do aparelho de Estado franquista procuraram sabotar processo com recurso ao terror. Em Portugal, além dos golpes fracassados contra a Revolução, partidos e sindicatos de esquerda sofreram inúmeros atentados da ultradireita.

 

Em reação à manifestação da chamada “Maioria Silenciosa”, a 28 de Setembro de 1974, convocada por Spínola para abrir caminho a um golpe militar, o MFA e movimentos de esquerda montam uma série de barricadas por todo o país para impedir a entrada de armas em Lisboa.

Fonte: ANTT, Flama, Positivos, pt. n. 6826, doc. 001, PT/TT/FLA/SF/001/6826/001
Fonte: ANTT, Secretariado Nacional de Informação, Arquivo Fotográfico, Reportagem, Política Geral, doc. 30051 PT/TT/SNI/ARQF/RP-003/30051

Base Aérea de Tancos, 25 de Novembro de 1975. O chamado “último grito dos paras” tornou-se o ato simbólico final da revolta fracassada dos paraquedistas em protesto contra as alterações nos comando da Força Aérea e da Região Militar de Lisboa.

Um comício do PCP em Alcobaça com Álvaro Cunhal, convocado para protestar contra os assaltos às sedes desse partido, foi atacado por homens armados, provocando vários feridos. Esta situação repetiu-se centenas de vezes por todo o norte e centro do país ao longo do verão de 1975.

Fonte: ANTT, Jornal Diário de Lisboa 01 de agosto de 1975 SEC. PP. 144
Fonte: ANTT, Conselho da Revolução, vol. 12. CX 18, Doc. 12, p. 7

No mesmo dia das últimas execuções decretadas por Franco, a Embaixada de Espanha em Lisboa é assaltada (27 de setembro de 1975), criando um incidente diplomático. O SDCI (serviço de informações do MFA) julga detetar entre os atacantes um agente dos serviços secretos franquistas.

O Movimento Alfa foi uma estrutura unitária lançada pela União dos Estudantes Comunistas visando a alfabetização popular e a defesa da Reforma Agrária. Em 1970, 25% da população portuguesa era analfabeta.

Fonte: ANTT, Flama, Positivos, pt. n. 4496, doc. 004 PT/TT/FLA/SF/001/4496/004
Fonte: CDMH, Enrique Nieto, 013 (fotografia de Enrique Nieto) Fonte: CDMH, Enrique Nieto, 013 (fotografia de Enrique Nieto)

Jesús Haddad foi nomeado Diretor-Geral dos Estabelecimentos Penitenciários em dezembro de 1977 para tentar reformar o sistema prisional herdado da ditadura. Foi assassinado pelos GRAPO em março de 1978. A violência política cresceu nos anos da Transição.

1 de Maio de 1977, Madrid. No primeiro 1º de Maio da Transição, a polícia, sob as ordens do Governo Suárez, manda carregar sobre os manifestantes em várias cidades espanholas, como no caso de Madrid. AGA, 33-01616-00020-001 (fotografia agencia EFE) 1 de Maio de 1977, Madrid. No primeiro 1º de Maio da Transição, a polícia, sob as ordens do Governo Suárez, manda carregar sobre os manifestantes em várias cidades espanholas, como no caso de Madrid. AGA, 33-01616-00020-001 (fotografia agencia EFE)
Marcelino Camacho (CC.OO.) e Nicolás Redondo (UGT) (1977). Os dois líderes sindicais mais destacados da Transição, Marcelino Camacho e Nicolás Redondo, tinham sido presos políticos sob a ditadura. Camacho foi o mais importante dirigente das CC.OO., Redondo reconstituiu em 1976 a UGT. Entre os dois, Manuel Jiménez de Parga, ministro do Trabalho. CDMH, CDMH_CAMACHO,117,98 Marcelino Camacho (CC.OO.) e Nicolás Redondo (UGT) (1977). Os dois líderes sindicais mais destacados da Transição, Marcelino Camacho e Nicolás Redondo, tinham sido presos políticos sob a ditadura. Camacho foi o mais importante dirigente das CC.OO., Redondo reconstituiu em 1976 a UGT. Entre os dois, Manuel Jiménez de Parga, ministro do Trabalho. CDMH, CDMH_CAMACHO,117,98
Catalunha, “Volem l’Estatut!” (“Queremos o Estatuto!”) (1977). A reivindicação de um governo próprio para a Catalunha, o País Basco e a Galiza acompanhou as lutas democráticas da Espanha do século XX. Durante a Transição, a maioria da sociedade catalã manifestou-se a favor da “llibertat, amnistia i Estatut d’autonomia” (“liberdade, amnistia e Estatuto de autonomia”). CDMH (revista Triunfo, 30.4.1977) Catalunha, “Volem l’Estatut!” (“Queremos o Estatuto!”) (1977). A reivindicação de um governo próprio para a Catalunha, o País Basco e a Galiza acompanhou as lutas democráticas da Espanha do século XX. Durante a Transição, a maioria da sociedade catalã manifestou-se a favor da “llibertat, amnistia i Estatut d’autonomia” (“liberdade, amnistia e Estatuto de autonomia”). CDMH (revista Triunfo, 30.4.1977)
“Medo do golpe” (1977). Toda a Transição democrática foi vivida em Espanha sob a ameaça de um golpe militar que revertesse o processo de democratização. Em setembro de 1977, três meses depois das eleições, vários generais apelaram sem sucesso ao Rei Juan Carlos para demitir Suárez e formar um “governo de salvação nacional”. CDMH, revista Triunfo, 10.9.1977 “Medo do golpe” (1977). Toda a Transição democrática foi vivida em Espanha sob a ameaça de um golpe militar que revertesse o processo de democratização. Em setembro de 1977, três meses depois das eleições, vários generais apelaram sem sucesso ao Rei Juan Carlos para demitir Suárez e formar um “governo de salvação nacional”. CDMH, revista Triunfo, 10.9.1977

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