Portugal, depois de 25 de Abril, teve uma política de descolonização. Não pré-programada, um tanto casuística, mas configurando um sistema de valores e o respeito por princípios. Recusando o abandono e o neocolonialismo, transformou uma violenta luta armada num processo pacífico (com o reconhecimento do direito à independência, o cessar-fogo e a transferência do poder).
Os casos mais dramáticos que ensombraram a descolonização portuguesa foram aqueles onde se verificaram intervenções estrangeiras armadas, quer interferindo no processo para a independência e inviabilizando o sistema eleitoral acordado (Angola e Timor), quer afetando o processo de consolidação pós-independência (Moçambique).
Entre as consequências para Portugal decorrentes da descolonização, emerge o problema dos retornados.
Quando, numa fase já adiantada do processo, se começou a desenhar a tendência para o regresso maciço dos portugueses e refúgio de muitos naturais das colónias, chegou a recear-se uma catástrofe. Mas o Estado português foi capaz de encontrar respostas para a concentração de pessoas e haveres, o seu transporte e acolhimento.



![Caixotes contendo bagagem de retornados das ex-colónias portugueses no cais da Gare Marítima de Alcântara, [1975]. Fonte: ANTT, SNI](https://50anos25abril.pt/wp-content/uploads/2024/07/PT-TT-SNI-ARQF-DO-014-005A-29396_editada.jpg)