No contexto repressivo e de censura da ditadura, o acesso a livros, filmes, músicas, peças de teatro, revistas, incluindo os que estavam proibidos, era uma forma de combate político.
As associações académicas procuravam manter uma intensa e diversificada atividade cultural, desde a organização de concertos dos mais variados géneros musicais, a exposições de pintura, sessões de declamação de poesia, entre outros. Os livros proibidos pela censura circulavam pelos estudantes, o rock e o jazz ouviam-se em concertos e nas casas dos amigos. Os cineclubes eram espaços de convívio e de debate. A cultura era uma arma ao serviço dos jovens.



Em abril de 1973, o Governo decidiu realizar o I Festival Internacional de Coros Universitários, dividido entre o Porto e Coimbra, tendo convidado apenas países com quem mantinha afinidades ideológicas e de política colonial.
No Porto, a contestação ao Festival ganhou enormes proporções, com os estudantes a realizarem plenários gigantescos. No dia 4 de abril, a polícia prendeu cerca de 200 estudantes que participavam num encontro realizado no átrio da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto para discutir o significado do Festival, sendo abertos processos judiciais contra os estudantes. O “Festival de Coros” acabou por ser um fiasco, mas fez despertar novos setores estudantis para a luta contra a ditadura e a Guerra Colonial.

