Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, participa na Conversa “Academia em Jogo” e partilha as suas memórias. O Presidente da República partilhou memórias da final da Taça de Portugal de 1969, assinalando que essa partida de futebol projetou a luta estudantil para todo o país. A final da Taça de futebol de 1969 […]
O futebol é visto como um dos “três efes” do reportório ideológico de que o Estado Novo se valeu para garantir o apoio popular e a sua própria longevidade.
Dísticos nas bancadas do Calhabé durante a meia-final que opôs a Académica ao Sporting. 15 de junho de 1969.
Fonte: Secção Fotográfica da AAC. Reproduções de Alexandre Ramires
No entanto, houve momentos em que o “desporto-rei” acabou por ser uma forma de luta contra a ditadura. A final da Taça de Portugal de 1968/1969 que, em plena crise estudantil, opôs a Académica ao Benfica, é um caso emblemático. Cientes da visibilidade do momento, os estudantes fizeram no Jamor um dos maiores comícios contra o regime de que há memória. Agindo com ousadia e risco, nas bancadas surgiram cartazes com palavras de ordem abertamente subversivas e “choveram” milhares de comunicados alusivos à luta dos estudantes. No relvado, a equipa da AAC entra em campo a passo e com a capa caída, em sinal de luto. Ao contrário do que era habitual, nenhuma das principais figuras do Estado marcou presença no estádio e a RTP não realizou a transmissão televisiva do encontro. Tentava-se, a todo o transe, salvar a face do regime.
Apesar da derrota da equipa dos estudantes, ganhou a Academia de Coimbra. Nem o golo de Eusébio, talvez o menos patriótico da sua carreira, impediu que a liberdade, de algum modo, vencesse.
Cartazes exibidos
pelos estudantes
nas bancadas do
Jamor.
22 de junho de 1969.
Fonte: Secção Fotográfica
da AAC.
Reproduções de
Alexandre Ramires
Bandeira da AAC “enlutada”, nas bancadas do Estádio
Nacional. 22 de junho de 1969. Fonte: Biblioteca Municipal de Coimbra - Imagoteca
Entrada das duas equipas em campo, a passo. 22 de junho de 1969.
Fonte: Biblioteca Municipal de Coimbra – Imagoteca
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