Inaugurada em Almada exposição com olhar estrangeiro sobre o 25 de Abril
A exposição “Venham Mais Cinco – O Olhar Estrangeiro sobre a Revolução Portuguesa (1974–1975)”, com curadoria de Sérgio Tréfaut e consultoria histórica de Luísa Tiago de Oliveira, foi inaugurada no passado dia 23 de maio, no Parque Empresarial da Mutela, em Almada, diante de uma audiência de várias centenas de pessoas.
A cerimónia contou com intervenções do curador Sérgio Tréfaut; da Comissária Executiva da Comissão Comemorativa 50 Anos do 25 de Abril, Maria Inácia Rezola; da Presidente da Câmara Municipal de Almada, Inês de Medeiros; e do fotógrafo Jean-Claude Francolon. Para além de Francolon, participaram também na visita comentada vários autores e representantes dos fotógrafos expostos, entre os quais Fausto Giaccone, Jean-Paul Paireault, Michel Puech, Vojta Dukát, Patricia Newcomer (viúva e representante de Alécio de Andrade) e Marie-Monique Miroglio (viúva e representante de Jean-Paul Miroglio), que partilharam com o público não só memórias pessoais, mas também histórias sobre as fotografias em exposição, os contextos em que foram captadas, os caminhos que os trouxeram até Portugal e as motivações que os levaram a documentar este momento decisivo da nossa história.
A inauguração ficou também marcada por um momento de homenagem a Sebastião Salgado, um dos nomes maiores da fotografia mundial, falecido nessa data e autor de cerca de três dezenas de imagens presentes na exposição.
A mostra, patente até 24 de agosto e com entrada gratuita, apresenta pela primeira vez em Portugal 200 imagens captadas por 30 fotógrafos internacionais que testemunharam, entre 1974 e 1975, o processo revolucionário português. Estas fotografias, muitas inéditas no país, foram, na época, publicadas na imprensa internacional e retratam manifestações populares, transformações sociais, processos de descolonização e momentos de tensão política, compondo uma poderosa narrativa visual da Revolução dos Cravos.
Entre os nomes em destaque estão Guy Le Querrec, Jean Gaumy, Dominique Issermann, Fausto Giaccone, Alain Keller e o próprio Sebastião Salgado, entre outros. A exposição está organizada em quatro núcleos temáticos — A Festa da Liberdade, Novas Formas de Poder, Independências e Um País Dividido — e resulta de um conceito desenvolvido originalmente por Margarida Medeiros, agora concretizado com o apoio da Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril e da Câmara Municipal de Almada.
A mostra pode ser visitada de quinta a domingo, entre as 11h00 e as 19h00, e conta com um programa paralelo de visitas comentadas, conduzidas por fotógrafos e investigadores convidados. As próximas sessões estão agendadas para os dias 31 de maio, 7 e 8 de junho, com a participação do fotógrafo Alain Mingam (31 de maio), Eduardo Pires (7 de junho), Isabel do Carmo e Paula Godinho (8 de junho), acompanhados pelo curador Sérgio Tréfaut e pela consultora histórica Luísa Tiago de Oliveira. A participação é gratuita, mediante inscrição prévia através do email venhammaiscinco1974@gmail.com.
Está também disponível no site oficial da Comissão o Dossiê Temático Digital sobre a exposição e o livro Venham Mais Cinco, que pode ser consultado em 50anos25abril.pt/historia/venham-mais-cinco, permitindo aprofundar o contexto histórico e visual desta iniciativa singular.
O catálogo da exposição será publicado pela editora Tinta-da-China durante o mês de junho.
Fotografias: Luís Filipe Catarino | Câmara Municipal de Almada
Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026
As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano foca-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.
O período inicial das Comemorações foi dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, revisitam-se os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA), em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.
