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Jovens recebidos no Quartel do Carmo, numa sessão comemorativa do 25 de Abril com o Presidente da República

Mais de 300 jovens participaram na iniciativa «Jovens no Quartel do Carmo, 50 anos do 25 de Abril», organizada pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril em parceria com a Presidência da República e a Guarda Nacional Republicana. Na sessão, foi ainda revelado o mural digital colaborativo «A minha liberdade é de todos», que contou com mais de onze mil participações.

No mesmo local onde, há 50 anos, se refugiou o presidente do conselho, Marcelo Caetano, e onde se deu a sua rendição, depois de as forças comandadas pelo capitão Salgueiro Maia terem sitiado o local, estiveram esta quarta-feira, dia 24 de abril, cerca de 300 alunos, de 14 escolas de Ansião, Aveiro, Carcavelos, Coimbra, Figueira de Castelo Rodrigo, Lisboa, Loures, Marinha Grande, Mortágua, Palmela, Tocha e Vila Nova de Gaia, para participarem numa sessão com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Estiveram também presentes o Comandante-geral da Guarda Nacional Republicana, o Tenente-geral Rui Veloso; o ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre; a ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes; a Comissária Executiva da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, Maria Inácia Rezola; o presidente da direção da Associação 25 de Abril, Coronel Vasco Lourenço, e o fotógrafo Alfredo Cunha.

Para assinalar este encontro, foi descerrada pelo Presidente da República, acompanhado de jovens representantes das escolas presentes, uma placa comemorativa na fachada do Quartel do Carmo, após a qual se iniciou a sessão. Maria Inácia Rezola, dando as boas-vindas aos jovens, fez uma chamada de atenção para a importância do dia que nos preparamos para celebrar. Recordou estarem no local simbólico desse momento histórico e agradeceu à GNR por ter aberto as portas do Quartel e acolhido esta iniciativa.

O ministro da Educação, Ciência e Inovação, Fernando Alexandre, saudou os alunos presentes, sublinhando a importância do 25 de Abril e das políticas de educação que privilegiaram o alargamento do ensino público obrigatório, que permitiu inverter as elevadas taxas de analfabetismo de então. Terminou a sua intervenção com a mensagem de que “ninguém é verdadeiramente livre sem a possibilidade de aceder a um ensino de qualidade”, e que “a escola tem de oferecer a possibilidade de imaginar novos futuros e de ser um espaço de esperança”.

A felicidade de “fotografar um sonho”

Alfredo Cunha, autor das imagens do projeto «25 de Abril de 1974, quinta-feira», recordou aquele dia com o apoio de algumas fotografias icónicas. Aproveitou para falar aos jovens presentes do grande privilégio que sente por ter fotografado a Revolução: “Normalmente, não fotografamos os sonhos, mas eu tive a felicidade de fotografar o meu”.

O coronel Vasco Lourenço pintou aos jovens o retrato da sociedade portuguesa de então, “uma sociedade retrograda, atrasada, que impunha a guerra, uma sociedade repressiva onde as liberdades simplesmente não existiam”. Recordou que foi essa sociedade que, juntamente com a experiência da Guerra e suas injustiças, levou os jovens Capitães a agir. Descreveu ainda o orgulho que sente “em sermos os protagonistas de algo único na história universal”.

O Presidente da República dirigiu-se aos jovens presentes, os mais novos com 8 anos e os mais velhos com 19, pedindo-lhes que se colocassem na pele daquele jovem fotógrafo que foi o primeiro a captar imagens da Revolução, descrevendo as condições de vida dos portugueses e o que significou o 25 de Abril. No final, convidou-os a perguntarem “tudo, o que quiserem”, aproveitando a oportunidade de estarem perante um capitão de Abril e o primeiro fotógrafo a captar a Revolução, “dois heróis, cada um à sua maneira”.

O mural «A minha liberdade é de todos»

No final da sessão, e depois de uma contribuição do próprio Presidente da República, foi revelado o mural digital colaborativo que resultou da Campanha «A minha liberdade é de todos». Trata-se de um projeto da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril em parceria com o Gerador, uma plataforma independente de jornalismo, cultura e educação, que desafiou jovens de todo o país a transformarem o lápis azul usado pela censura num símbolo da liberdade de expressão. Os participantes foram convidados a, no papel (com uma edição especial do histórico modelo de lápis da Viarco “Olímpico 291”), ou através do site do projeto, transpor para um quadrado do tamanho de um azulejo tradicional português, a sua interpretação da liberdade.

A ministra da Juventude e Modernização, Margarida Balseiro Lopes, afirmou que as participações no mural são “um testemunho vivo do compromisso das novas gerações com a herança de Abril. Cada azulejo é um reflexo único da nossa diversidade e pluralismo de ideias”.

A iniciativa «A minha liberdade é de todos» contou com mais de 11 mil participações, em resultado do envolvimento de mais de 200 escolas em todo o país, regiões autónomas incluídas, com o apoio do Plano Nacional das Artes. Pode ver o mural e participar aqui.

Fotografias: Cláudia Teixeira | Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril


Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026

As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano vai focar-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.

O período inicial das Comemorações tem sido dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) começam a ser revisitados, em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.

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