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Livro “Primaveras Estudantis: da crise de 1962 ao 25 de Abril” lançado em Coimbra e já disponível para venda

O livro Primaveras Estudantis: da crise de 1962 ao 25 de Abril, que revisita a cronologia deste movimento de oposição à ditadura do Estado Novo e o seu papel na construção da democracia, foi lançado este sábado, dia 10, no Convento São Francisco, em Coimbra. A obra já está disponível para venda.

A publicação é uma iniciativa da Estrutura de Missão para as Comemorações do quinquagésimo aniversário da Revolução do 25 de Abril, e acompanha a exposição com o mesmo título, que está agora patente neste espaço.

Foto: Cláudia Teixeira | Comissão Comemorativa 50 Anos 25 Abril


Numa conversa mediada por Paulo Pires, Diretor do Departamento de Cultura e Turismo da Câmara Municipal de Coimbra, Maria Inácia Rezola, Comissária Executiva, afirmou que esta obra “vai para além de um catálogo da exposição, complementando os materiais da exposição com textos de autores como Fernando Rosas, Luísa Tiago de Oliveira e Álvaro Garrido, e com um trabalho gráfico muito inovador, da responsabilidade de Ivan Ferreira e de Vítor Cardoso.”

“Este projeto é um exemplo de como a Estrutura de Missão pode e deve intervir, trazendo a história e o debate da memória para a arena pública”, concluiu.

Alberto Martins, presidente da Associação Académica de Coimbra em 1969, recordou o momento em que ousou pedir a palavra perante o Presidente da República, Américo Tomaz, o ministro da Educação Nacional, José Hermano Saraiva, e outros responsáveis do regime, a 17 de abril, na inauguração do novo edifício das Matemáticas da Universidade de Coimbra: “O nosso objetivo era que o ato fosse não de provocação, mas de legitimidade. Os estudantes queriam pedir a palavra porque tinham o direito de falar. Naquele momento, eu era mais do que eu próprio – eu era a Academia. O meu pedido representou o vencer do medo. E o facto de o Presidente não me ter dado a palavra libertou-a.”

Esse – hoje emblemático – pedido da palavra, acrescentou, “desencadeou a crise académica de 1969, que foi um momento de grande dificuldade e de grande luta, de grande teste.”

João Caseiro, presidente da Direção-Geral da Associação Académica, considerou que o direito que hoje os estudantes têm de falar se deve ao dia 17 de abril de 1969, acrescentando que os momentos marcantes da história acabaram por moldar a Academia do presente: “Os tempos são outros, as causas são outras, mas há temas estruturais pelos quais continuamos a bater-nos.”

O representante dos estudantes sublinhou a importância de “consciencializar as atuais e futuras gerações de alunos da importância da história, das crises académicas e dos seus reflexos na contemporaneidade”, e comprometeu-se a “trabalhar para levar os estudantes à exposição e a exposição aos estudantes.”

Álvaro Garrido, comissário da exposição e professor de História da Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, afirmou que esta iniciativa constitui “uma boa síntese” da história dos movimentos estudantis contra a ditadura, “num discurso legível e acessível para grandes públicos como talvez nunca se tenha feito numa exposição.” Esta mostra, acrescentou o responsável, passa também a mensagem de que “a memória das lutas estudantis está sobretudo na palavra resistência, que era uma resistência quotidiana, e se fez conjugando política e práticas culturais.”

 

#50anos25abril