“O Salgueiro Maia é o meu herói”
Marques Valentim é o autor da fotografia escolhida para homenagear o “militar íntegro, que dá rosto à revolução”.
Marques Valentim começou a fotografar para o Exército em 1971. Um ano depois, foi mobilizado para Moçambique, em comissão de serviço militar obrigatório, como furriel miliciano fotocine, após ter tirado o curso de Fotografia e Cinema, nos Serviços Cartográficos do Exército, em Lisboa.
“Conheço Moçambique de norte a sul”, diz, contando que por ali ficou até 21 de abril de 1974.
Regressado a Portugal, começou a trabalhar na Agência Europeia de Imprensa e depois fez parte da fundação dos jornais “A Luta” e “Correio da Manhã”.
Nunca mais parou de fotografar e é no seu espólio que está a imagem escolhida para homenagear o capitão de Abril Salgueiro Maia, nos 30 anos da sua morte.
A fotografia foi tirada na Escola Prática de Cavalaria, em Santarém, durante umas celebrações militares, “já em 1976, depois do 25 de Novembro [de 1975]”.
Aliás, “na foto integral aparece o queixo do general Ramalho Eanes”, detalha Marques Valentim, que, para o efeito da homenagem atual, enquadrou a imagem apenas com Salgueiro Maia.
“É uma foto rara. Gosto muito dessa imagem. Tem a ver com ele”, considera.
Ao mesmo tempo, a imagem será reproduzida no espaço público dos concelhos por onde o militar passou.
A homenagem de reconhecimento ao capitão de Abril que comandou as tropas no cerco ao Terreiro do Paço e depois ao Quartel do Carmo integra-se nas comemorações dos 50 anos do 25 de Abril.
A fotografia de Salgueiro Maria feita por Marques Valentim estará também em exposição, numa mostra “carregada de simbolismo”, que o autor vai inaugurar no dia 1 de abril.
Intitulada “E depois do adeus – fotografias com História”, a exposição é uma homenagem aos acontecimentos do pós-25 de Abril em Portugal, retratando “as principais figuras do 11 de Março e do 25 de Novembro [de 1975]”.
A mostra, que integra o programa oficial das comemorações dos 50 anos do 25 de Abril, vai estar patente na Galeria de Arte Pintor Samora Barros, em Albufeira, até 29 de abril.
“A minha ideia é tornar esta exposição itinerante, em Portugal e no mundo lusófono”, propõe Marques Valentim, sublinhando que concebeu a exposição como uma “aula de História”.
“Não é só uma exposição para ver, é também uma exposição para ler”, realça o fotógrafo, nascido em 1949, em Cascais.