Roteiro para comemorar os 50 anos do 25 de Abril: cerimónias militares, desfiles populares, recriações históricas, concertos, teatro e video mapping
Entre os dias 24 e 27 de abril, a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril vai juntar-se à mobilização coletiva e articular-se com diversas instituições – como a Presidência da República, a Assembleia da República, as Forças Armadas, os Municípios, a Guarda Nacional Republicana, a Polícia de Segurança Pública, a Associação Portuguesa de Veículos Militares Antigos ou o Plano Nacional das Artes – para assinalar os 50 anos do derrube da ditadura e celebrar 50 anos de liberdade.
Estão previstas, entre outras iniciativas, cerimónias militares, sessões solenes, recriações históricas, desfiles militares, concertos, espetáculos com música, teatro e um video mapping com fotografias de Alfredo Cunha e banda sonora de Rodrigo Leão, desenvolvido a partir do projeto «25 de Abril de 1974, quinta-feira», numa parceria entre a Comissão Comemorativa e os municípios de Lisboa, Porto e Santarém.
Na Agenda 25.04 está disponível o retrato completo das múltiplas iniciativas que, por todo o país, se organizam para assinalar a data.
DIA 24 DE ABRIL
Visitas guiadas ao Quartel do Carmo, jovens no Quartel, video mapping, teatro, concertos e a recriação da saída da coluna militar comandada por Salgueiro Maia
Às 11h00, tem lugar, em Lisboa, uma visita guiada em inglês ao Museu da Guarda Nacional Republicana e ao Quartel do Carmo, organizada pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril.
Foi no Quartel do Carmo que, no dia 25 de Abril de 1974, se refugiou o presidente do conselho, Marcelo Caetano, e onde se deu a sua rendição, depois de as forças comandadas pelo capitão Salgueiro Maia terem sitiado o local, estará também de portas abertas.
Estas visitas têm também lugar nos dias 26, 29 e 30 de abril e nos dias 9 e 10 de maio, sempre entre as 11h00 e as 12h00. Estão sujeitas a inscrição prévia através do site da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril.
A partir das 14h00, o Quartel do Carmo acolhe a iniciativa «Jovens no Quartel do Carmo, 50 anos do 25 de Abril», organizada pela Comissão e dirigida ao público escolar. Foram convidados cerca de 300 alunos do Ensino Secundário, de 14 escolas de Lisboa, Loures, Carcavelos, Tocha, Marinha Grande, Palmela, Figueira de Castelo Rodrigo, Coimbra, Aveiro, Mortágua, Ansião e Vila Nova de Gaia. Participam na sessão o presidente da direção da Associação 25 de Abril, coronel Vasco Lourenço; e o fotógrafo Alfredo Cunha, autor das imagens do projeto «25 de Abril de 1974, quinta-feira». Nesta ocasião será revelado o mural digital colaborativo que resulta da Campanha «A minha liberdade é de todos». Trata-se de um projeto da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril em parceria com a plataforma independente de jornalismo, cultura e educação Gerador, que vem desafiando jovens de todo o país a transformarem o lápis azul usado pela censura num símbolo da liberdade de expressão. Os participantes são convidados a, no papel (com uma edição especial do histórico modelo de lápis da Viarco “Olímpico 291”), ou através do site do projeto, transpor para um quadrado do tamanho de um azulejo tradicional português, a sua interpretação da liberdade. A iniciativa conta neste com mais de 11 mil participações, em resultado do envolvimento de mais de 200 escolas em todo o país, regiões autónomas incluídas, com o apoio do Plano Nacional das Artes.
Pelas 19h00, tem lugar, também em Lisboa, na Estufa Fria, o jantar-convívio da Associação 25 de Abril.
Pelas 21h00, em Santarém, na Escola Prática de Cavalaria, tem início a projeção do video mapping «25 de Abril, quinta-feira». Entre as 21h30 e as 22h30, na Tenda EPC – Escola Prática de Cavalaria, tem lugar a peça de teatro «Esta é a madrugada que eu esperava». Este espetáculo, organizado pelo Município de Santarém e pelas Comemorações Populares do 25 de Abril de Santarém-Associação Cultural em parceria com o Exército Português, evoca a noite de 24 e madrugada do 25 de Abril. Tem encenação de Rita Lello e texto do Coronel Correia Bernardo, um dos capitães envolvidos no Movimento das Forças Armadas.
Entre as 22h00 e as 23h00, em Lisboa, na Praça do Comércio, decorrerá o espetáculo «Uma ideia de futuro» e será projetado o video mapping «25 de Abril, quinta-feira». Neste espetáculo audiovisual, organizado pela EGEAC e com entrada livre, sobem ao palco seis jovens, que traçam um retrato do Portugal de hoje e mostram o caminho percorrido, e 180 músicos (uma orquestra sinfónica, dois grupos corais e vários solistas), que vão construindo a banda sonora composta a partir de canções de José Afonso, José Mário Branco, Sérgio Godinho, Fausto, Adriano Correia de Oliveira, Fernando Lopes Graça e Carlos Paredes. Na parte final, juntam-se ao elenco vários convidados para a interpretação de uma nova canção, “Abril é Sempre Primavera”, escrita especialmente para a ocasião, com letra de José Luís Peixoto e música de Luís Varatojo e Filipe Raposo.
Entre as 22h15 e as 23h00, no Porto, na Avenida dos Aliados, terá lugar o Concerto «Aliados à Liberdade» e a projeção do video mapping «25 de Abril, quinta-feira». Este espetáculo comemorativo contará com a participação dos Canto Nono, Vozes da Rádio e o Coral de Letras da Universidade do Porto. Combinando as vozes com a poesia, em palco estarão também Pedro Lamares e Odete Mosso. O espetáculo terá Direção Cénica de João Branco.
A partir das 22h30, em Santarém, na antiga Escola Prática de Cavalaria, tem início a recriação histórica da «Operação fim de Regime», que, há 50 anos, permitiu derrubar a ditadura.
Em homenagem a todos os militares aderentes ao MFA, a Associação Portuguesa de Veículos Militares Antigos (APVMA), com o apoio da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, do Ministério da Defesa Nacional, através do Exército, e do Município de Santarém, vai reconstituir a marcha desta coluna militar. Serão recriadas a saída de Santarém, a chegada ao Terreiro do Paço, o cerco ao Quartel do Carmo, a chegada ao Posto de Comando do Movimento das Forças Armadas (MFA), na Pontinha, e o regresso a Santarém. Esta recriação pode ser acompanhada pela população. De igual modo, em todos os momentos, os veículos militares ficarão estacionados durante algumas horas para poderem ser vistos de perto.
As colunas serão constituídas por militares da Escola Prática de Cavalaria no 25 de Abril de 1974, transportados em viaturas militares da época. Está prevista, no total, a participação de cerca de 100 antigos militares, viaturas blindadas Panhard EBR, Panhard AML, Humber MKIV, Chaimite V200, viaturas de transporte de tropas Berliet Tramagal, Unimog 404, Ambulância VW, viatura de comando Jeep CJ6 e o Ford Escort civil que seguia à frente da coluna, em reconhecimento, no total de 15 veículos.
Pelas 22h30 do dia 24 de abril, em Santarém, uma coluna militar de seis viaturas vai deslocar-se até aos limites da cidade, transportando militares que, há 50 anos, participaram nas operações.
DIA 25 DE ABRIL
Cerimónia militar, recriações históricas, sessão solene, desfile popular na Avenida da Liberdade e o Quartel do Carmo aberto ao público
Entre as 9h30 e as 10h30 do dia 25 de Abril, em Lisboa, na Praça do Comércio, terá lugar uma cerimónia militar evocativa dos 50 anos do 25 Abril, presidida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa.
Pelas 9h40, continuará a recriação histórica da «Operação fim de Regime». Uma coluna de Veículos Militares Antigos chegará ao Terreiro do Paço para desfilar perante o Presidente da República e as restantes entidades presentes. Os veículos ficam depois, e até às 12h00, estacionados no local, permitindo a interação dos cidadãos com os militares de Abril. Estará também exposto um carro de combate M47 Patton, representando as forças militares leais ao Governo de Marcelo Caetano.
Às 11h30, em Lisboa, na Assembleia da República, tem lugar a Cerimónia Solene dos 50 anos do 25 de Abril organizada por este órgão de soberania.
Às 12h00, os Veículos Militares Antigos iniciam a recriação da marcha sobre o Quartel do Carmo e o cerco ao local. Será reconstituído o trajeto efetuado em 1974, com a saída do Terreiro do Paço até ao Rossio, subindo a Rua do Carmo e a Rua do Sacramento. As viaturas ficam em exposição no Largo do Carmo até às 16h00. Neste dia, o Quartel do Carmo está aberto ao público.
Pelas 15h00, em Lisboa, no Marquês de Pombal, tem início do desfile popular pela Avenida da Liberdade. Este desfile, organizado pela Comissão Promotora das Comemorações Populares do 25 de Abril, segue pela Avenida da Liberdade e termina na Praça D. Pedro IV (Rossio), onde terão lugar intervenções e momentos culturais. O acesso é livre.
Pelas 16h00, em Lisboa, no Largo do Carmo, tem início mais um momento da recriação histórica da «Operação Fim de Regime». Uma coluna militar fará o percurso desde o Largo do Carmo até ao Quartel da Pontinha (Regimento de Engenharia 1), encenando o transporte do Presidente do Conselho deposto, Marcelo Caetano, até ao Posto de Comando do MFA, na Pontinha.
Entre as 18h30 e as 20h00, em Lisboa, na Cinemateca Portuguesa, na sala Luís de Pina, serão apresentadas as primeiras imagens recolhidas no âmbito da Campanha «Filmou o 25 de Abril?». Esta iniciativa da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e da Cinemateca Portuguesa pretende identificar amadores inéditos sobre a Revolução, com o objetivo de salvaguardar e difundir esse património cinematográfico. A entrada no evento é livre, mediante levantamento de bilhete 30 minutos antes da sessão.
DIA 26 DE ABRIL
«Todos à Manif»
No dia 26 de abril, a partir das 10h30, tem início, por todo o país, a iniciativa «Todos à Manif», que pretende assinalar 50 anos sobre as primeiras manifestações espontâneas ocorridas em Portugal. Os 510 Agrupamentos de Escolas/Escolas não agrupadas que integram a rede do Plano Nacional das Artes (PNA) foram convidados a realizar um evento simultâneo, no qual se pretende que os alunos saiam das escolas e se manifestem na rua, com recuperação de palavras de ordem e novas palavras criadas por eles.
Cada turma produziu cartazes e/ou faixas e fará um percurso previamente determinado, até um local emblemático da cidade ou vila. Em certas localidades (Figueira da Foz, Marinha Grande, Braga, Setúbal, Odemira, Serpa, Lisboa), numa perspetiva de cidadania e lição democrática, associaram-se a esta iniciativa Bandas Filarmónicas, Conservatórios de Música, Municípios e agentes culturais diversos. A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril também se associou à iniciativa.
Pelas 10h30, na Marinha Grande, a partir do Parque da Cerca, terá início um itinerário até à Praça do Município. A iniciativa conta com a participação de diversos agentes culturais locais, como Museus e o Teatro, e da Câmara Municipal da Marinha Grande.
À mesma hora, na Figueira da Foz, a partir do Jardim das Abadias, tem início um itinerário até à Praça do Município. A iniciativa conta com a participação dos cinco agrupamentos escolares da Figueira da Foz e dos alunos do Conservatório da Figueira da Foz.
Pelas 16h00, em Braga, na Praça do Município, tem lugar a Grande Recriação Histórica do Comício/Manifestação. Esta iniciativa inclui um espetáculo com música, recital, discursos e coreografias. Participam os 10 Agrupamentos escolares de Braga, da Rede de escolas PNA, em estreita colaboração com a Companhia de Teatro MalaDarte, a Comissão de Democratas de Braga e o Município de Braga. Para além destes intervenientes é ainda parceiro o Exército, o coro Alegrettus e ESAS, a Orquestra de sopros do Conservatório Calouste Gulbenkian. Fazem parte da encenação várias ações e toda a caracterização da época, desde carros antigos, uma chaimite, tanque, indumentária à época, cartazes e faixas, entre outros.
DIA 27 DE ABRIL
Inauguração do Museu Nacional Resistência e Liberdade – Fortaleza de Peniche e conclusão da recriação histórica da «Operação fim de Regime»
Entre as 10h00 e as 12h00, em Peniche, é inaugurado o Museu Nacional Resistência e Liberdade – Fortaleza de Peniche. Durante a ditadura, na Fortaleza de Peniche funcionou uma prisão política. O Museu Nacional Resistência e Liberdade nasce do reconhecimento deste local enquanto espaço-memória e símbolo da luta pela Liberdade à escala nacional, com ressonâncias internacionais na luta pela Democracia e pelo respeito dos Direitos Humanos. O projeto, desenvolvido pela Direção-Geral do Património Cultural, tem como missão investigar, preservar e comunicar a memória nacional relativa à Resistência ao regime fascista português, a partir das memórias e experiências dos que lutaram pela Liberdade e pela Democracia.
Entre as 11h00 e as 12h00, tem lugar a reconstituição histórica do regresso da coluna da Escola Prática de Cavalaria a Santarém, ao largo da Câmara Municipal, pelas 12h00.
OUTRAS INICIATIVAS PARA ASSINALAR OS 50 ANOS DO 25 DE ABRIL
Exposição «O MFA e o 25 de Abril»
Lisboa, Gare Marítima de Alcântara | 12 de abril – 26 de junho | Entrada livre
Será dinamizada através de visitas guiadas, conferências, debates e espetáculos, e complementada por um dossiê multimédia.
É uma iniciativa da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e tem curadoria partilhada com a Associação 25 de Abril e o Ministério da Defesa Nacional.
Combate à ditadura e ao colonialismo – Exposições itinerantes
As exposições produzidas pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril entre 2022 e 2023, que evocaram alguns dos movimentos sociais e políticos que foram determinantes para o desgaste da ditadura, estão em itinerância pelo país e pelo mundo. As itinerâncias podem ser consultadas na Agenda 25.04.
50 passos para a Liberdade, da Ditadura ao 25 de Abril
Esta exposição retrata os últimos anos da ditadura e os primeiros momentos depois do seu derrube, abrangendo o intervalo temporal entre setembro de 1968 e julho de 1974, com recurso a fotografias, cartazes, documentos e recortes de imprensa.
No âmbito do Dia da Defesa Nacional, esta exposição circulará pelo país, e estará patente nos vários Centros de Divulgação.
A Exposição poderá ainda ser visitada noutras 14 cidades pelo mundo: de Maputo, em Moçambique, a Seul, na Coreia do Sul.
Congresso Internacional 50 anos 25 de Abril
Lisboa, Universidade de Lisboa | 2 a 4 de maio
Cinquenta anos depois, o 25 de Abril e o processo revolucionário de 1974-75 continuam a ser objeto de discussão em várias disciplinas das ciências sociais e das humanidades. Sobretudo nas últimas décadas, os debates em torno da Revolução procuraram ir para além dos estudos pioneiros sobre o processo político e militar, através de múltiplas abordagens que ajudam a compreendê-lo em toda a sua complexidade: as transformações sociais e a participação política de base; os contextos internacionais, nomeadamente no que diz respeito aos processos de luta anticolonial e à Guerra Fria; as dinâmicas políticas e sociais na sua diversidade regional; a economia política da Revolução; os repertórios de luta e as linguagens escritas, visuais e musicais; o papel da Revolução e da sua memória na história global e na sociedade portuguesa democrática; os processos de patrimonialização, musealização e preservação das memórias; as análises comparativas com outras revoluções e transições para sistemas democráticos.
COMEMORAÇÕES DOS 50 ANOS DO 25 DE ABRIL ATÉ 2026
As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano vai focar-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.
O período inicial das Comemorações tem sido dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) começam a ser revisitados, em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.