“Salgueiro Maia – O Implicado”, um filme para toda a gente

Sérgio Graciano, o realizador, quis fazer “justiça a um homem que a devia ter tido e não teve”.

O filme “Salgueiro Maia – O Implicado” pretende “fazer justiça a um homem que a devia ter tido e não teve”, assume o realizador, Sérgio Graciano.

“Tentei fazer um filme para toda a gente”, sublinha, ainda que notando a importância de apresentar este capitão de Abril aos mais novos, que “já estão longe desta revolução, longe do Maia”.

No dia 25 de Abril de 1974, é Salgueiro Maia quem comanda as tropas que, vindas da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, cercam o Terreiro do Paço. É o então capitão Maia quem comanda igualmente o cerco ao Quartel do Carmo, que termina com a rendição de Marcello Caetano, o último presidente do Conselho, e a entrega do poder a António de Spínola.

“Salgueiro Maia – O Implicado” – aponta o realizador – relata “a história de um homem, muito mais do que um herói”, a quem “o país virou as costas” e que foi vítima de uma “injustiça sem tamanho”.

“Aquele é o homem que eu decidi mostrar, que senti que o Salgueiro Maia era”, explica, contando que teve muitas conversas com Natércia Salgueiro Maia, a viúva do capitão de Abril.

A escolha de Tomás Alves para representar Salgueiro Mais foi imediata, porque o ator “tem uns traços semelhantes”. Mas, para lá de ser parecido, “é um ator incrível”, elogia o realizador.

“Foi um prazer enorme fazer este filme. Era impossível dizer que não. Não se diz que não a fazer um filme biográfico do maior herói português”, considera, contente por Natércia Salgueiro Maia lhe ter dito que tinha encontrado o seu Fernando no filme. “Esse é o maior elogio que me podem dar”, confessa, explicando que se apaixonou por esse Fernando – “com convicções, uma resiliência e uma firmeza que já não existem”.

Reconhecendo “a responsabilidade de passar para o ecrã a vida do maior herói de Abril e, se calhar, do maior herói português de sempre”, o realizador sentiu um “peso muito grande” para não errar.

“Hoje em dia, não podemos dizer nada ou escrever nada que aparecem rapidamente os polícias das redes sociais a atirar pedras”, critica, arriscando que, talvez por isso, “as pessoas se aproximem do filme”.

“A liberdade está a ser posta em causa, a liberdade que o Maia conquistou há quase 50 anos. Mas, hoje em dia, só não somos livres porque não queremos sê-lo”, distingue.

Sobre o filme “Salgueiro Maia – O Implicado”

Estreia nos cinemas de todo o país a 14 de abril de 2022

No dia 25 de Abril de 1974 um homem caminhou sozinho pelo Largo do Carmo. Bateu à porta do quartel da GNR e entrou, desarmado e sem escolta. Lá dentro, o chefe do Governo, Marcelo Caetano, aguardava, cercado pelos militares e pelo povo. O homem que o encarou nessa tarde e que lhe exigiu a rendição, garantindo a sua segurança, acabava de liderar o regimento de Artilharia 1 de Santarém na tomada da capital. Sem disparar um único tiro conseguira derrubar um regime com mais de 48 anos. Aquele era o último passo a dar e ele deu-o, sem hesitação, tornando-se na figura incontornável do dia que marcou o início da democracia em Portugal.

Esse homem era o capitão Fernando Salgueiro Maia e esta é a sua história.