Um jogo que devia ter dado “meia Taça para cada um”
Toni, ex-jogador do Benfica, recupera as memórias mais marcantes de uma final diferente.
António Oliveira, mais conhecido como Toni, jogou pelo Benfica a Final da Taça, em 1969, que ficou para a História como um dos momentos mais marcantes da contestação estudantil à ditadura.
“Foi uma final diferente, que teve uma carga política fortíssima”, recorda o ex-jogador e treinador de futebol.
“Os jogadores do Benfica entraram em campo para ganhar, como era o seu desígnio. Os jogadores da Académica carregavam com eles, além da vontade de vencer, (…) um sentimento que perpassava por todos aqueles que estavam no estádio e estavam envolvidos na luta académica”, descreve.
“Eles [os jogadores da Académica] já eram vencedores antes de o jogo começar”, realça.
Para Toni, a “memória mais marcante” é a troca de camisolas entre os jogadores das duas equipas, seguida da volta ao campo conjunta.
“As duas equipas estavam, no final do jogo, em sintonia com aquilo que estava a acontecer no estádio”, lembra.
Isto porque, explica, durante o jogo, os adeptos do Benfica foram-se envolvendo-se, segurando inclusivamente cartazes contra a ditadura, e os jogadores do clube, no final, já sabiam mais sobre o que ali se passava. E, assim, E, depois, “os vencidos transportaram a Taça como se fossem vencedores”, destaca.
“Gostaria que houvesse uma partilha de Taça”, confessa, considerando que foi um jogo “que devia ter meia Taça para cada um”.