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Esta exposição evoca o papel do mundo do trabalho e do movimento sindical anticorporativo no combate à ditadura. É composta por dois polos, um no Hub Criativo do Beato e o outro nas Oficinas da CP no Barreiro. Em Lisboa, a exposição pode ser visitada até 30 de junho, de terça-feira a domingo, das 13h00 às 19h00. Entrada livre.

“As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril decorrem até 2026. Cada ano foca-se num tema prioritário, tendo como objetivo global reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da Democracia. O período inicial das Comemorações, que agora decorre, é dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. É nesse contexto que se enquadra esta exposição”, afirma Maria Inácia Rezola, Comissária-Executiva.

José Pacheco Pereira, historiador e Comissário científico da iniciativa, acrescenta: “O tema da exposição é de grande relevância para compreendermos o fim da ditadura e o processo de construção da Democracia. O movimento sindical e grevista, que é aqui documentado, teve um papel decisivo no fim do Estado Novo e na criação das novas instituições democráticas. O movimento militar que fez o 25 de Abril resultou, sem dúvida, do esgotamento gerado pela Guerra Colonial, mas teve o contributo de um novo contexto social e político.”

Na segunda metade dos anos de 1960, o mundo encontra-se em grande convulsão. Verifica-se um processo de radicalização política internacional, motivado pela guerra do Vietname, pela emergência do chamado “Terceiro Mundo”, pela instabilidade social em muitos países da Europa e da América, pelas sucessivas independências em África, pela Revolução Cultural na China, pelo papel crescente dos movimentos estudantis e juvenis em França, na Alemanha, em Itália e nos Estados Unidos da América, pela invasão da Checoslováquia, e pela crise das hegemonias americana e soviética. A estas mudanças políticas associaram-se mudanças culturais e sociais. Portugal, embora isolado, não permanecerá imune a estas mudanças aceleradas.

Documentação inédita sobre os mecanismos de repressão da ditadura

Em Portugal, no final dos anos 1960, tem início uma nova época de protestos, greves, reivindicações, de organização e ação legal, semi-ilegal e clandestina, que começa mesmo antes da ascensão de Marcelo Caetano ao poder, em 1968, e se intensifica durante o seu Governo. Verifica-se um crescimento exponencial das lutas sociais, com importante expressão no movimento grevista e no “assalto” anticorporativo aos sindicatos do regime. Não é um movimento inteiramente espontâneo, contando com a ação de partidos e movimentos clandestinos, como o PCP, os ‘católicos progressistas’ e os esquerdistas”, acrescenta o historiador.

Desta exposição consta um primeiro levantamento exaustivo das greves e protestos no Marcelismo, que aponta para um número superior a 300 ocorrências, e informação obtida a partir da consulta de documentação inédita da Legião Portuguesa (LP) e da PIDE-DGS, que permite compreender os mecanismos da repressão da ditadura: PIDE-DGS, PSP, GNR e LP. A exposição destaca ainda a participação das mulheres neste movimento de contestação, em particular das operárias ligadas aos têxteis e lanifícios.

Até ao final de junho, a iniciativa contará com um programa de dinamização que inclui visitas guiadas, leituras de livros infantis e Conversas #NãoPodias.

«Unidos Venceremos! Protesto, sindicatos e greves no Marcelismo (1968-1974)» é uma iniciativa da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e da Ephemera – Associação Cultural, em parceria com Direção-Geral do Livro, Arquivos e Bibliotecas, Arquivo Nacional do Som, Câmara Municipal de Lisboa, Câmara Municipal do Barreiro e CP – Comboios de Portugal.

#50anos25abril