25 de Abril: Comemorações em 2025 evocam primeiras eleições livres, independências, 11 de março e 25 de novembro
A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril evoca em 2025 os 50 anos das primeiras eleições livres em Portugal, para a Assembleia Constituinte, realizadas a 25 de abril de 1975. Do Programa das Comemorações consta igualmente a evocação dos 50 anos da fase mais intensa da Revolução, contemplando acontecimentos históricos como o 11 de Março e o 25 de Novembro. O ano será também dedicado à evocação das independências das antigas colónias em África. O Programa completo pode ser consultado em 50anos25abril.pt.
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“As eleições de 25 de abril de 1975 são um marco único na história portuguesa. Com uma participação massiva, representaram o cumprimento de um dos objetivos centrais do Programa do MFA: garantir a realização de um sufrágio universal, direto e secreto para eleger uma Assembleia Constituinte. Esta Assembleia foi responsável por redigir a Constituição de 1976, que lançou os pilares da nossa democracia. Assim, os temas da participação e da democratização serão o nosso foco em 2025. Vamos recordar momentos determinantes da Revolução e da construção do Portugal democrático, revisitando o passado e projetando o futuro da democracia portuguesa”, explica Maria Inácia Rezola, historiadora e Comissária Executiva.
A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril desenvolveu para 2025 um programa diversificado, para que cada um encontre a sua forma de participar. Na Agenda 25.04 – em 50anos25abril.pt/agenda/ – é possível conhecer os eventos previstos e propor outros que se enquadrem nas Comemorações.
“Em 2025, promoveremos exposições, campanhas evocativas, projetos escolares e de formação, debates e diversos espetáculos. Continuaremos também o trabalho que vimos desenvolvendo no âmbito da produção e divulgação de conteúdos históricos, em edições e no nosso site. Pretendemos que esta continue a ser uma celebração nacional, que contribua para uma sociedade mais conhecedora da sua história recente, mais participativa, inclusiva e democrática”, acrescenta a responsável.
Assim, a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril propõe-lhe ações para Recordar e partilhar (Exposições, campanhas evocativas e dossiês multimédia); Aprender e ensinar (Projetos escolares); Pensar e debater (Colóquios e edições); e Celebrar (Artes e espetáculos).
Ações para Recordar e partilhar: Exposições sobre as primeiras eleições livres e sobre o 25 de Novembro, campanha #TensPoder para os mais jovens e sondagem sobre Descolonização
O Movimento das Forças Armadas, que derrubou o regime autoritário no dia 25 de abril de 1974, comprometeu-se a realizar eleições livres para uma Assembleia Constituinte no espaço de doze meses. Essa promessa foi concretizada e a história desse processo fundamental para a transição democrática é contada na exposição «Haverá eleições. 50 anos das eleições para a Assembleia Constituinte», patente na Fundação Calouste Gulbenkian entre 22 de abril e 22 de outubro. Com curadoria do politólogo Pedro Magalhães e da cineasta Catarina Vasconcelos, a iniciativa é organizada pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, em parceria com a Assembleia da República e a Fundação Calouste Gulbenkian.
A exposição «Venham mais cinco, o olhar estrangeiro sobre a Revolução portuguesa» reúne mais de 100 imagens captadas por fotógrafos internacionais entre 25 de abril de 1974 e 25 de novembro de 1975. As fotografias retratam os momentos que marcaram o fim de 48 anos de ditadura em Portugal, oferecendo uma perspetiva única sobre a Revolução dos Cravos. Pela primeira vez, serão apresentadas imagens provenientes de arquivos de grandes agências fotográficas internacionais, como a Magnum, a Sigma e a Contact, assim como trabalhos de fotógrafos reconhecidos, como Guy le Querrec, Sebastião Salgado e Jean-Paul Paireault. Tem curadoria do cineasta Sérgio Tréfaut.
A Comissão desenvolveu também a Exposição itinerante «25 de Novembro, 50 anos depois», que explora os momentos centrais do processo revolucionário português, com foco no contexto, nos acontecimentos e nas consequências do 25 de Novembro de 1975. Os conteúdos e as orientações gráficas para a montagem serão disponibilizados a partir de setembro de 2025, permitindo a sua realização em diversos locais, tanto em Portugal como a nível internacional. A propósito desta data, a Comissão promove também um debate com a participação de académicos e protagonistas. A iniciativa tem curadoria de um grupo de especialistas no tema (Aniceto Afonso, António Costa Pinto, António Araújo, Fernando Rosas, Luísa Tiago de Oliveira e Rui Bebiano), e é desenvolvida em parceria com instituições académicas de todo o país.
Estão igualmente disponíveis para cedência – em 50anos25abril.pt/recursos/ – um conjunto de exposições sobre o combate à ditadura e ao colonialismo, a revolução e o processo de democratização. No site das Comemorações – em 50anos25abril.pt/historia/ – é ainda possível encontrar conteúdos históricos sobre estes e outros acontecimentos já evocados.
A sondagem «A Descolonização Portuguesa 50 anos depois» visa apurar como os portugueses percecionam os legados da descolonização e as relações entre Portugal e os países de língua portuguesa. Este estudo de opinião resulta de uma parceria entre a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, a RTP e o CESOP – Centro de Estudos e Sondagens de Opinião da Universidade Católica Portuguesa, sob coordenação de António Costa Pinto, investigador coordenador aposentado do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa e Professor Catedrático da Universidade Lusófona. Os resultados serão apresentados publicamente e disponibilizados no site oficial das Comemorações.
A Comissão desenvolveu uma campanha para lembrar aos jovens o poder que a democracia lhes dá. A campanha #TensPoder destaca os direitos e deveres conquistados com o 25 de Abril e consagrados na Constituição da República Portuguesa. Esta iniciativa inclui a disponibilização de recursos no site das Comemorações, a dinamização nas redes sociais com testemunhos, uma banda sonora original criada por jovens artistas entre os 12 e os 18 anos – em parceria com a Academia de Música Urbana Skoola e a cantora e compositora Carolina Deslandes –, uma exposição na Praça dos Restauradores, em Lisboa, e a pintura de um mural em colaboração com a Associação A Casa ao Lado.
A campanha «Memória Presente: Antes, Durante e Depois de Abril» decorre até 2026, com o objetivo de recolher testemunhos sobre como a Revolução de Abril mudou a vida daqueles que a vivenciaram e a história do País. Pautando-se pela sua diversidade e pluralidade, os depoimentos recolhidos constituem um repositório de memória e história, permitindo uma caracterização detalhada desse período marcante.
Ações para aprender e ensinar: Assembleias Participativas Jovens, curso sobre a construção da democracia e Escola de Verão
Durante este ano letivo, 25 cidades vão acolher a iniciativa «25 de Abril, 25 Assembleias participativas jovens», um projeto de educação para a cidadania que visa transformar jovens em agentes ativos de mudança. Em diálogo com os seus representantes políticos, os participantes são desafiados a propor ideias para melhorar os seus territórios, através da constituição de Assembleias participativas. Este projeto decorre em parceria com a MyPolis e os municípios envolvidos.
No segundo semestre do ano, será oferecido o curso online «O nascimento da democracia portuguesa», que aborda o nascimento da democracia portuguesa. Este recurso educativo resulta de uma parceria entre a Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril e a Unidade FCCN da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), sendo disponibilizado através da plataforma «NAU – Ensino e Formação Online para Grandes Audiências».
Em setembro, decorre o Erasmus Campus, um fórum de discussão e formação apartidário que visa capacitar jovens nacionais e lusodescendentes, com idades entre os 16 e os 26 anos, para uma cidadania ativa. Este ano, o tema central será a Transição Digital. Promovida em parceria com a Agência Nacional Erasmus+ Educação e Formação, esta Escola de Verão fomenta o envolvimento juvenil em questões sociais e de inovação tecnológica.
Ações para Pensar e debater: Lei de Imprensa, 11 de Março, 25 de Novembro e Independências
No dia 26 de fevereiro de 2025, na Casa da Imprensa, em Lisboa, realiza-se um debate para assinalar o 50.º aniversário da publicação da Lei de Imprensa. Com a participação de protagonistas e especialistas, o colóquio é curado por José Pedro Castanheira, Alberto Arons de Carvalho e João Garcia.
No dia 10 de março de 2025, terá lugar a sessão dedicada aos 50 anos deste marcante acontecimento da vida política nacional. O colóquio «11 de março, 50 anos depois» conta com a presença de académicos e protagonistas, e contempla a projeção do documentário RTP «A gravação secreta da Assembleia ‘Selvagem’», da autoria do jornalista Jacinto Godinho.
No dia 25 de novembro de 2025, decorrerá o colóquio «O 25 de Novembro, 50 anos depois», que reúne académicos e protagonistas para debater um momento central do processo de construção da democracia portuguesa. Com curadoria de especialistas no tema, a iniciativa é promovida pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, em parceria com instituições académicas de todo o país.
Entre os dias 2 e 4 de abril de 2025, terá lugar o colóquio internacional «Das Guerras aos pós-25 de Abril: Os Militares em Territórios em Convulsão», que analisará o papel das forças armadas portuguesas e dos seus adversários nos conflitos do período de transição para as independências de Guiné, Cabo Verde, São Tomé e Príncipe, Angola, Moçambique e Timor-Leste. A iniciativa também explorará a emergência de novos atores militares e as dinâmicas de interação mantidas com as forças portuguesas. Organizado pelo Centro de História da Universidade de Lisboa, pela Comissão Portuguesa de História Militar, pelo Centro de Estudos Internacionais do Iscte-Instituto Universitário de Lisboa e pelo Instituto de História Contemporânea da Universidade Nova de Lisboa, o evento terá lugar na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Entre os dias 7 e 9 de abril de 2025, realiza-se o colóquio internacional «E o Povo, onde está? O sujeito coletivo em tempo de Revoluções», na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa. A iniciativa, que revitaliza o título de um trabalho de José Tengarrinha (2008) ampliando o seu âmbito, tem como objetivo observar e debater a participação popular em contextos revolucionários de diferentes épocas e geografias. As comunicações centrar-se-ão no envolvimento do povo nas Revoluções ao longo da história, desde a Antiguidade até à Contemporaneidade. A organização está a cargo do Centro de História da Universidade de Lisboa.
Entre os dias 17 e 19 de julho de 2025, a Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade NOVA de Lisboa acolhe o colóquio internacional «Independências Africanas e Revoluções Anticoloniais no Sul Global: Histórias, Processos, Legados e Memórias». A iniciativa abordará múltiplas dimensões – histórias, processos, legados e memórias – dos movimentos independentistas que marcaram o cenário político global na segunda metade do século XX, com destaque para as independências de Angola, Cabo Verde, Moçambique e São Tomé e Príncipe. O evento é organizado pelo Instituto de História Contemporânea da Universidade NOVA de Lisboa e pelo CEIS20 – Centro de Estudos Interdisciplinares da Universidade de Coimbra.
A coleção «O 25 de Abril Visto de Fora» prossegue em 2025 com a publicação de dois novos títulos que lançam luz sobre o impacto e a consolidação da Revolução e da democracia portuguesa: Politics in Contemporary Portugal: Parties and the consolidation of Democracy, de Thomas C. Bruneau e Alex Macleod, e Lisbon Rising: Urban Social Movements in the Portuguese Revolution, 1974-75, de Pedro Ramos-Pinto.
Ações para Celebrar: «…E temos o povo…», Arte pela Democracia e Teatro e Revolução
No dia 25 de abril, às 18h00, em Lisboa, terá lugar uma sessão de escuta coletiva da montagem mais completa que Pedro Laranjeira (1945-2015) fez da reportagem gravada por ele, Paulo Coelho e Adelino Gomes, do Terreiro do Paço ao Largo do Carmo, no dia 25 de Abril de 1974. Incluindo alguns momentos que nunca mais voltaram a ser “ouvidos” desde que foram transmitidos há 51 anos, no programa Limite na Rádio Renascença, este testemunho histórico – “… e temos o povo…” Todos os sons da primeira montagem radiofónica do 25 de Abril – será simbolicamente oferecido à Comissão dos 50 anos do 25 de Abril e depositado no Arquivo Nacional do Som para preservação e investigação futura.
Na sua edição de 2024-2025, o Programa «Arte pela Democracia», lançado em parceria com a Direção-Geral das Artes (DGARTES), promoveu o desenvolvimento de projetos nas áreas das artes visuais, artes performativas, artes de rua e cruzamento disciplinar. Os projetos apoiados abrangem as áreas artísticas de cruzamento disciplinar, música e ópera, teatro, artes visuais, criação, programação, circulação nacional, ações estratégicas de mediação, e edição. As exibições serão divulgadas, nomeadamente, através da Agenda 25.04.
A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril dirigiu um convite a dez companhias de teatro históricas para apresentarem uma criação artística ou reposição que contribua para a consciência pública do papel que o teatro desempenhou na transição democrática. Os espetáculos da iniciativa «Teatro e Revolução» estarão em cena durante todo ano e serão divulgados na Agenda 25.04.
Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026
As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano foca-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.
O período inicial das Comemorações foi dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, revisitam-se os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA), em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.
O ano de 2025 é dedicado às primeiras eleições livres.