Skip to main content

Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril inaugura Memorial à Vigília da Capela do Rato no Jardim das Amoreiras

A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril inaugurou esta segunda-feira um Memorial à Vigília da Capela do Rato, uma ação organizada por um grupo de católicos a 30 de dezembro de 1972 para refletir sobre a paz e sobre a guerra nas Colónias, e que acabaria por ser interrompida pelas forças policiais do regime de Marcelo Caetano.

A escultura, da autoria da artista plástica Cristina Ataíde, ficará instalada no Jardim das Amoreiras, a poucos metros do local onde decorreu a Vigília pela paz.

O memorial foi criado com mármore de Vila Viçosa. Encerra dois muros lisos, ligados por seis êmbolos. Na pedra instalada no chão, é possível ler palavras como esperança, paz, diversidade, união, democracia, liberdade, justiça. Da lista consta também a expressão Vigília da Capela do Rato.

Na cerimónia estiveram presentes o ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, a Comissária Executiva da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril, Maria Inácia Rezola, o presidente da Câmara Municipal de Lisboa, Carlos Moedas, o Presidente da Câmara Municipal de Vila Viçosa, Inácio Esperança, o Presidente da Junta de Freguesia de Santo António, Vasco Morgado, e a autora do Memorial, Cristina Ataíde.

 

Fotografias de Cláudia Teixeira | Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril

 

A contestação dos setores católicos à ditadura

A Vigília da Capela do Rato teve lugar numa conjuntura específica em que se articulavam problemas mais vastos: as posições de Paulo VI sobre a paz e a autodeterminação, a Guerra Colonial portuguesa, as oposições ao regime ditatorial e a crescente politização de setores católicos.

As intervenções de Paulo VI sobre a promoção da paz, desde meados dos anos 1960, legitimaram a defesa da cessação de conflitos armados em curso e a recusa da guerra como instrumento de resolução de litígios. Ao mesmo tempo, o papa valorizava formas de organização autónoma da Igreja em África.

A guerra a fações independentistas em Angola, que o regime salazarista iniciara em 1961, introduziu um elemento fulcral para a evolução de uma das últimas ditaduras europeias. Para o Estado Novo, a situação agravou-se na primeira metade da década, com o alastramento da guerra à Guiné e a Moçambique. A integridade do império colonial português e a recusa da autonomia e da independência das colónias justificavam a manutenção de uma guerra sem fim à vista.

Para as oposições ao regime, o colonialismo e as guerras coloniais legitimaram a intensificação de formas de contestação e o alargamento das dissidências. Entre os católicos portugueses, a politização acentuou-se e os setores em oposição ao regime ganharam novo impulso. Com o bloqueio de um regime que relacionava a sua evolução com a manutenção da guerra, alguns oposicionistas, incluindo católicos, radicalizaram os modos de contestação para forçar o derrube das instituições ditatoriais.

Fotografias de Cláudia Teixeira | Comissão Comemorativa 50 Anos 25 de Abril

Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026

As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano vai focar-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.

O período inicial das Comemorações tem sido dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) começam a ser revisitados, em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.

#50anos25abril