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Matilde Horta: “A Arte tem o papel de eternizar o momento em que vivemos, é um testemunho. Registar esses momentos é contar uma história e deixar um legado para o futuro.”

No ano em que se assinala meio século do momento fundador da democracia portuguesa, a Comissão convidou quatro reconhecidos artistas portugueses – AkaCorleone, Catarina Sobral, Matilde Horta e Nuno Saraiva – a criarem ilustrações para assinalar os 50 anos do 25 de Abril.

A ilustradora e designer Matilde Horta junta-se, assim, às Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e #DizAbril com uma imagem inédita, disponível no site da Comissão, em conjunto com outros recursos de uso livre.

Matilde Horta é uma ilustradora e designer portuguesa. Nasceu em Penafiel em 1993 e licenciou-se em Design na Universidade de Aveiro. Trabalhou como designer e facilitadora em diversos projetos e ateliês portugueses. Depois de mais de três anos a trabalhar na área do design, decidiu investir em algo que sempre gostou: a ilustração. Tirou, em 2017, uma Pós-graduação em Ilustração e Animação na ESAD Matosinhos, que fez mudar o rumo da sua carreira. Para além do freelance, divide o seu tempo a desenvolver outros projetos pessoais como aprender cerâmica e a gerir a sua loja online. Trabalha atualmente como ilustradora e designer freelancer numa aldeia em Cinfães.

 


Que importância tem para ti o 25 de Abril?

O 25 de Abril em si mesmo é um dia simbólico de Liberdade. Mas penso que não tem a mesma carga simbólica para aqueles que o viveram e para aqueles que nasceram num país pós-revolucionário: todas as gerações têm uma perspetiva diferente sobre este dia e aquilo que ele representa. Para mim, que nasci em 1993, é um dia de reflexão sobre Portugal, sobre aquilo que temos hoje e o que conseguimos atingir nos últimos 50 anos, sobre o papel que eu tenho enquanto cidadã e sobre o legado que aqueles que o viveram deixaram para quem dá por garantida a liberdade.

De todas as conquistas que o 25 de Abril trouxe, qual tem mais significado para ti?

Acho que a mais importante conquista foi a liberdade de voto e, em geral, a existência de liberdade política (liberdade na criação de partidos e a existência de uma assembleia representativa), que, por consequência, trouxe mais liberdade social e económica.

Como foi o processo de desenvolvimento da ilustração?

O processo acaba por ser sempre metodológico, apesar de não parecer quando estamos demasiado dentro dele. Primeiro, vem a ideação, que passa por “guardar” a primeira ideia que fluiu naturalmente; depois, tentar pensar fora da caixa e divagar sobre novas ideias; por fim, seleciona-se a melhor que surgiu. Depois desta ideação, desenvolve-se o processo de visualização, que consiste em passar a ideia mental para algo físico, seja em esboço digital ou papel. Finalmente, chego ao processo de coloração, em que há uma tentativa-erro ténue até se formar uma linguagem gráfica. Às vezes, é um processo bastante fluído, outras nem tanto. Mas faz parte do desafio e do ónus da criatividade.

Que papel consideras que tem a Arte num contexto de democracia?

Acho que a Arte tem muitos papéis. Primeiro, o de eternizar os momentos em que vivemos. O presente de hoje será o passado de amanhã e a Arte é um testemunho: permite lembrar-nos do que deixámos, do que fizemos, como nos sentimos, o que criámos no passado. Registar esses momentos é contar histórias e deixar um legado para aqueles que as vão ver no futuro. Outro papel muito relevante é o de ser um espaço de reflexão e libertação, tanto de pensamentos como de ideias novas que se expressam de forma visual. É da Arte que vem o futuro e a evolução não existe sem criatividade.

O que consideras imprescindível ou prioritário ter em conta na reflexão sobre os próximos 50 anos de democracia?

Penso que é essencial que os portugueses não se esqueçam de que, para além de direitos, também têm deveres enquanto cidadãos. Porque, para vivermos, construirmos e mantermos uma sociedade democrática, é preciso que todos respeitemos a liberdade dos outros e que nos responsabilizemos pelos nossos deveres e direitos. É também essencial refletir: hoje em dia, todos damos a democracia e liberdade por garantidas. mas a História não se cansa de nos mostrar que nada está garantido.

 


 

#DizAbril, para celebrar a liberdade nas redes sociais

A Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril desenvolveu a Campanha #DizAbril, que convida todos a, durante o mês de abril, celebrarem nas redes sociais meio século de liberdade de expressão e de pensamento com poemas, canções, imagens ou palavras de ordem.

Para participar nesta campanha digital é apenas necessário usar nas publicações os hashtags #DizAbril e #50anos25deAbril. A Comissão disponibiliza no seu site, em 50anos25abril.pt, molduras para cada um dos #DizAbril.

O objetivo desta iniciativa é motivar os participantes a aprofundarem o seu conhecimento sobre este momento histórico e a expressão artística que ele inspirou, mas também que o convite motive a criação de conteúdos originais.

Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026

As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano vai focar-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.

O período inicial das Comemorações tem sido dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA) começam a ser revisitados, em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.

#50anos25abril