Arte pela Democracia em setembro: uma jornada cultural
Durante o mês de setembro, o Programa «Arte pela Democracia» — promovido pela Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril em parceria com a Direção-Geral das Artes (DGARTES) — propõe uma programação que abrange diversas regiões do país e inclui música, teatro e performances. Conheça os destaques do mês.
Teatro e performances para refletir sobre os desafios da democracia
Vila Nova de Gaia, Lisboa e Montemor-o-Novo recebem o espetáculo “Dona Pura e os Camaradas de Abril”, uma comédia crítica sobre as transformações sociais pós-revolução. A peça será apresentada no Teatro Municipal de Vila Nova de Gaia nos dias 7 e 8 de setembro, no Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, nos dias 12 e 13 de setembro, e, posteriormente, no Almabox, em Montemor-o-Novo, no dia 21 de setembro.
Em Leiria, o Teatro José Lúcio da Silva acolhe, no dia 13 de setembro, a estreia local de “Guião para um país possível”. Esta peça, criada e encenada por Sara Barros Leitão, baseada nas transcrições dos Diários da Assembleia da República, transforma os discursos parlamentares em arte teatral, convidando à reflexão sobre a democracia e os seus desafios. Este espetáculo segue depois para Ovar e será apresentada no Centro Cultural no dia 18 de setembro.
O espetáculo “Novo ESTALO NOVO“ será apresentado no Museu de Arte Popular, em Lisboa, nos dias 20, 27 e 28 de setembro, sempre às 21h00. Com dramaturgia de Rui Catalão, o espetáculo surgiu de uma ideia dos artistas Ana Borralho e João Galante sobre formas de desobediência, propondo uma reflexão sobre a história de um país e sobre as histórias dos corpos que nele habitam. Este projeto de colaboração com a Companhia Maior foi estreado em 2013 no Centro Cultural de Belém, e a sua reposição realiza-se em parceria com o Museu Nacional de Etnologia e o Museu de Arte Popular. A entrada é gratuita, mediante pré-reserva.
No dia 29 de setembro, às 21h30, sobe ao palco do Cineteatro Bombeiros Voluntários de Vila Praia de Âncora, o espetáculo “Noite de Solidão no Capim“, cuja ação decorre na derradeira noite da ditadura, quando um soldado do exército colonial português se cruza com um guerrilheiro angolano.
Após percorrer seis cidades, o projeto “NA BOCA (H)À LIBERDADE” terá uma edição especial em formato virtual. Este “Especial YouTube” será lançado no dia 15 de setembro e incluirá tradução em Língua Gestual Portuguesa. O evento estará disponível no canal da Portugal Slam, responsável por esta iniciativa.
A homenagem a Zeca Afonso
“Zeca Afonso: Estudos Musicais para Dois Violoncelos”, um projeto de Pedro do Carmo, Lluïsa Paredes e Eva Aguilar, que revisita a obra do músico português com novos arranjos para violoncelo, continua em digressão pelo país. Este mês, as apresentações decorrem em Lisboa, na Biblioteca Nacional de Portugal, no dia 2 de setembro e em Setúbal, na Casa da Cultura, no dia 3 de setembro, ambas com entrada livre.
Este concerto promove uma revisitação das canções que marcaram a Revolução. Serão apresentadas 10 canções de Zeca Afonso, arranjadas para dueto de violoncelos. As canções, tal como o percurso do cantautor, são contrastantes: partindo do fado, incorporam diferentes ritmos africanos, conjugando improvisação e experimentação com vários elementos expressivos da música tradicional portuguesa.
A arquitetura e a relação do espaço coletivo com a comunidade
No dia 12 de setembro, em Lisboa, O Instituto apresenta o livro “Aprender a Desaprender: Práticas de Descolonização na Arquitetura”, que propõe uma reflexão crítica sobre a arquitetura no contexto pós-colonial. A sessão coloca em debate várias questões – “Como é que os campos disciplinares da arquitetura e das artes visuais podem oferecer abordagens para a descolonização do presente?”; “Que métodos podemos empregar para posicionar estas disciplinas no debate sobre a descolonização?”; e, pensando numa pedagogia transformadora, “Como podemos reimaginar instituições ligadas à cultura e as suas formas de atuação?” – e conta com a participação de Paulo Moreira, André Tavares, Ana Balona de Oliveira, Marta Lança e Yolana Lemos.
Também em Lisboa, no Centro Cultural de Belém, a 13 e 14 de setembro, será apresentada a performance “Cérebro: A Terra a Quem a Imagina”, um projeto de criação e circulação nacional da coleção Cobertos pelo Céu concebido pelo coreógrafo Gustavo Ciríaco, que explora a relação entre memória, imaginação e espaço coletivo, através de uma experiência imersiva e inovadora. Com CÉREBRO, o Gustavo Ciríaco inspira-se numa experiência de espaço vivida pelo escultor português Miguel Palma para traduzir para o espaço público a poética espacial deste artista através da criação de um labirinto interativo inspirado nos cérebros das máquinas.
Em Ceira (Coimbra), no dia 20 de setembro, terá lugar o evento “Conselho de Freguesia”, parte do projeto 3DÊS, que junta a comunidade local para refletir sobre temas da cultura e democracia, integrando também momentos artísticos e performativos.
Exposições a não perder
A exposição “Portugal Ano Zero”, com curadoria de José Luís Neves, Luís Pinto Nunes e Susana Lourenço Marques, divulga o papel da fotografia impressa em Portugal durante o período revolucionário , reunindo várias formas de material impresso e uma seleção inédita de livros de fotografia. Patente no Museu da Chapelaria em São João da Madeira, pode ser visitada até 30 de setembro.
“Madrugada – Joalharia e a Política da Esperança”, no MUDE em Lisboa, estará patente até 22 de setembro, convidando à contemplação do papel da joalharia na transformação social e política.
Consulte a Agenda 25.04 e tome nota de tudo o que pode ver e fazer para comemorar 50 anos de Liberdade e de Democracia.
Arte pela Democracia
O Programa «Arte pela Democracia» promove projetos artísticos que se enquadrem nas Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril e que contribuam para a reflexão sobre a relevância deste acontecimento na construção da democracia.
Dirige-se a projetos artísticos nas áreas das artes visuais (arquitetura, artes plásticas, design, fotografia e novos media); artes performativas (circo, dança, música, ópera e teatro); artes de rua; e cruzamento disciplinar.
É uma iniciativa da Comissão Comemorativa 50 anos 25 de Abril em parceria com a Direção-Geral das Artes (DGARTES). O concurso a este apoio decorrerá até 2025. Para saber mais, consulte: https://50anos25abril.pt/iniciativas/arte-pela-democracia/
Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril até 2026
As Comemorações dos 50 anos do 25 de Abril tiveram início em março de 2022 e vão decorrer até 2026. Cada ano foca-se num tema prioritário, tendo como objetivo reforçar a memória e enfatizar a relevância atual destes acontecimentos na construção e afirmação da democracia.
O período inicial das Comemorações foi dedicado aos movimentos sociais e políticos que criaram as condições para o golpe militar. A partir de 2024, revisitam-se os três ‘D’ do Programa do Movimento das Forças Armadas (MFA), em iniciativas que evocam o processo de descolonização, a democratização e o desenvolvimento.
