O dia 25 de Abril
DAS OPERAÇÕES MILITARES À EXPLOSÃO DE ALEGRIA
O dia 25 de Abril foi um dia de grandes contrastes, de grandes emoções.
Nas primeiras horas da madrugada os militares do MFA saíram das suas unidades rumo aos objetivos que lhes foram atribuídos na Ordem de Operações. Horas de coragem, determinação mas também de grandes incertezas.
Depois dos confrontos entre a Escola Prática de Cavalaria de Santarém e as forças do Regime, que se saldaram pela rendição da maioria dos que marcharam contra o MFA, a ideia de que a vitória estava mais perto ganhava força.
Faltava prender o Presidente do Conselho, Prof. Marcello Caetano, entrincheirado no quartel da GNR do Largo do Carmo, o que acontecerá apenas no final da tarde.
Uma explosão de alegria atravessa o país, com os portugueses a começarem a usufruir da Liberdade acabada de conquistar.
22:00
Posto de Comando do MFA
Está reunido o Posto de Comando do MFA.
22:55
Aos microfones dos emissores associados de Lisboa, é transmitida a primeira senha “E Depois do Adeus”.
00:30
Aos microfones da Rádio Renascença, é transmitida a segunda senha “Grândola Vila Morena”.
03:00
O Centro de Comunicaçãoes é ocupado e são estabelecidas comunicações com o Posto de Comando MFA e Marinha.
03:00
Porto – Centro de Instrução de Condução Auto N.º1
Ocupar o Quartel General da região militar Norte, Posto de Comando Norte.
03:00
Ocupar os estúdios da RTP no Monte da Virgem.
03:32
Lisboa – Batalhão de Caçadores N.ª5
Montada segurança aos estúdios do Rádio Clube Português, no alto do Parque Eduardo VII.
03:32
O grupo N.ª10 constituído por oito oficiais do MFA ocupa os estúdios do Rádio Clube Português.
03:50
Póvoa de Varzim – 1.º Grupo de Companhias de Administração Militar
Ocupa e controla a ponte de Vila do COnde, e neutralizadas a PSP e a GNR.
03:50
Belas – Campo de Tiro da Serra da Carregueira
Ocupa os estúdios da Emissora Nacional do Quelhas.
03:59
Lisboa – Escola Prática de Administração Militar
Ocupa os estúdios da Rádio Televisão Portuguesa no Lumiar.
04:00
Mafra – Escola Prática de Infantaria
Ocupa e controla o Aeroporto de Lisboa. O espaço aéreo português é fechado.
04:20
Posto de Comando do MFA
Com os objetivos até então atingidos é dada ordem para a leitura do primeiro comunicado do MFA.
04:26
Aos microfones do Rádio Clube Português é lido o primeiro comunicado do MFA.
04:30
Lisboa – Batalhão de Caçadores 5
Ocupa e controla o Quartel General da região militar de Lisboa em S. Sebastião.
04:45
Aos microfones do Rádio Clube Português é lido o segundo comunicado do MFA.
04:45
Vila Nova de Gaia – Regimento Artilharia Pesada N.º2
Ocupa e controla as pontes da Arrábida e D.Luís e o emissor do RCP de Miramar.
05:00
Porto – Regimento de Cavalaria N.º6
Reforça o dispositivo na Av. dos Aliados.
05:00
Santa Margarida – Companhia de Caçadores 4246/73
Ocupa e controla a ponte Marechal Carmona em Vila Franca de Xira.
05:00
Santa Margarida – Companhia de Caçadores 4246/73
Ocupa as antenas do RCP em Porto Alto.
05:45
Aos microfones do Rádio Clube Português é transmitido um longo comunicado que é uma condensação de todos os anteriores. Pela primeira vez são feitos avisos explicitamente dirigidos a todas as forças de segurança.
05:50
Santarém – Escola Prática de Cavalaria (EPC)
Ocupa o Terreiro do Paço, o Banco de Portugal e a Rádio Marconi. Forças da PSP colaboram com os militares.
06:00
Prof. Marcello Caetano, por sugestão do diretor da PIDE/DGS Silva Pais, refugia-se no Quartel da GNR no Largo do Carmo.
06:15
Lisboa – Regimento de Cavalaria N.º7 (Força do Regime)
Entra uma coluna de blindados no Terreiro do Paço que de imediato adere ao movimento.
06:30
Viana do Castelo – Batalhão de Caçadores N.º 5016
Entra uma coluna de blindados no Terreiro do Paço que de imediato adere ao movimento.
06:30
Lamego – Centro de Instrução de Operações Especiais
Reforça o dispositivo da cidade do Porto. Ocupa os Estúdios da RTP no Monte da Virgem. Ocupa os CTT e restabelece as comunicações.
07:00
Vendas Novas – Escola Prática de Artilharia
Uma bateria de obuses estaciona no Cristo-Rei podendo bater posições em Lisboa. Uma outra coluna controla as entradas da ponte sobre o Tejo.
07:00
Lisboa – Regimento de Cavalaria N.º7 (Força do Regime)
Uma força de carros blindados avança contra as forças da Escola Prática de Cavalaria. na Av. Ribeira das Naus, acabando por se render.
07:30
Santa Margarida – Companhia de Caçadores 4241/73
Nas anteans do RCRP no Porto Alto, é recebido um telefonema do Genral Botelho do Moniz para ordenar que desliguem as antenas do RCP. O Comandante da Força responde que está ali exatamente para evitar que tal aconteça.
07:50
Tavira – Centro de Instrução de Condução Auto N.º5
Ocupa as antenas da foia.
08:00
Rio Tejo Lisboa, Fragata Gago Coutinho
É dada, pelo vice-chefe do Estado Maior da Armada, ordem de fogo à Fragata sobre as viaturas da Escola Prática de Cavalaria. Os oficiais do MFA a bordo impedem a execução da ordem.
08:30
Aos microfones da Emissora Nacional, é lido pela primeira vez nesta emissora em comunicado do MFA.
10:00
Lisboa – Regimento de Cavalaria N.º7 (Força do Regime)
Uma coluna de blindados avança pela Rua do Arsenal comandada pelo Brigadeiro Junqueiro dos Reis que dá ordem de fogo sobre Salgueiro Maia, ordem que será sucessivamente recusada pela tripulação do carro de combate.
10:30
Lisboa – Regimento de Cavalaria N.º7 (Força do Regime)
Outra coluna de blindados também se rende às forças do MFA na Av. Ribeira das Naus. A partir daí a força de cavalaria N.º7 está desmembrada.
11:00
Agrupamento Norte
Cerca e controla o Forte de Peniche. Para não se perder tempo fica o Forte uam força comandada pelo Capitão Rocha da Silva estabelecendo-se no terreno duas secções de obuses. O resto da força dirige-se para Lisboa.
11:45
Lisboa- Rádio Clube Português
Aos microfones do Rádio Clube Português, é emitido um novo comunicado anunciando que o MFA domina a situação de Norte a Sul e que brevemente chegará a hora da libertação.
12:00
Santarém – Escola Prática de Cavalaria
A coluna da EPC, reforçada com as forças de Cavalaria 7 que se renderam, dirige-se para o Largo do Carmo onde, no Quartel da GNR, se encontra refugiado o presidente do Conselho Prof. Marcello Caetano.
12:15
A coluna da Escola Prática de Cavalaria, ao deslocar-se em direção ao Largo do Carmo, é entusiasticamente ovacionada por milhares de pessoas que gritam palavras de ordem contra e contra a guerra.
12:30
A força da EPC chega ao Largo do Carmo depois de, a custo, ter vencido as estreitas ruas do Chiado de Lisboa.
13:00
Lisboa – Regimento de Cavalaria N.º7 (Força do Regime)
As forças restantes do Regimento de Cavalaria N.º7, da GNR e da PSP, tentam cercas as forças da EPC estacionadas no Largo do Carmo.
13:15
Estremoz – Regimento de Cavalaria N.º3
Chega à ponte sobre o Tejo um esquadrão de Cavalaria N.º3 de Estremoz
13:40
Santarém – Escola Prática de Cavalaria
O Quartel da Legião Portuguesa na Penha de França rende-se às forças do MFA.
13:45
Estremoz – Regimento de Cavalaria N.º3
É dada ordem pelo Posto de Comando para a força de Cavalaria 3 avançar para o Largo do Camões e afastar, as forças do regime e retiram e recolhem a quartéis.
14:00
Lisboa – Regimento de Cavalaria N.º7 (Força do Regime)
Após a chegada dos blindados de Cavalaria 3 de Estremoz ao Largo do Camões, as forças do regime retiram e recolhem aos quartéis.
14:00
Braga – Regimento de Infantaria N.º8
Neutraliza a PSP e a GNR em Braga e colabora na tomada das instalações da PIDE/DGS no Porto e no assalto ao Quartel da Legião Portuguesa.
14:30
Tancos – Escola Prática de Engenharia
Ocupa a Casa da Moeda em Lisboa.
15:00
Guarda – Regimento de Infantaria N.º12
Encerra a fronteira de Vilar Formoso.
15:10
Santarém – Escola Prática de Cavalaria
Disparos de aviso para o topo do Quartel do Carmo.
16:05
O prof. Marcello Caetano declara estar pronto para entregar o poder ao General António de Spínola.
18:00
O General António de Spínola chega ao Quartel do Carmo para obter a rendição de Marcello Caetano.
18:40
Lisboa – RTP
É interrompida a emissão e é anunciado que o MFA prepara uma edição especial do Telejornal.
19:30
Santarém – Escola Prática de Cavalaria
Uma chaimite encosta ao portão do Quartel do Carmo nela entrando Marcello Caetano e alguns ministros que são levados para o Posto de Comando na Pontinha.
20:00
Posto de Comando do MFA
Spínola chega ao Posto de Comando com a intenção de tomar o poder.
21:00
Agentes da PIDE, das janelas da sua sede, abrem indiscriminado sobre a multidão fazendo 4 mortos e 45 feridos.
23:00
A Junta de Salvação Nacional, produz legislação que destitui das suas funções o Presidente da República e o Governo, dissolve a Assembleia Nacional, destitui Governadores das Províncias Ultramarinas e extingue a PIDE/DGS, a Legião e ANP.
01:30
Perante as câmaras da RTP a Junta de Salvação Nacional, lê uma proclamação ao país.
03:00
Discussão entre o MFA e os elementos da Junta de Salvação Nacional tendo sido alterado o programa do MFA com propostas de António de Spínola e Costa Gomes.
07:00
Américo Tomás, Marcello Caetano e alguns ex-ministros embarcam um avião da Força Aérea rumo ao Funchal.
07:30
O Major Vítor Alves, lê perante os órgãos de comunicação social, o programa do MFA após as alterações introduzidas pelos Generais Spínola e Costa Gomes.
09:00
Lisboa – Força de Fuzileiro e Regimento de Cavalaria n.º 3
Ocupam a sede da PIDE/DGS em Lisboa e recebem a rendição do seu Diretor.
09:00
Lisboa – Força de Fuzileiros e Companhia de Paraquedistas
Ocupam a prisão de Caxias
01:00
Forte de Caxias
São libertados os presos políticos.O Legado do 25 de Abril
LIBERDADE
DEMOCRACIA
O Programa do MFA determina a imediata destituição de todos os dirigentes políticos e a dissolução dos órgãos de poder político da Ditadura e ainda que sejam extintas a PIDE/DGS, Legião Portuguesa, Mocidade Portuguesa e a Ação Nacional Popular.
O Programa do MFA determina ainda a elaboração de leis que garantam e deem corpo às liberdades de: expressão, imprensa, sindical, reunião e associação e outras que permitam aos cidadãos o exercício pleno da sua cidadania.
Conquistada a Liberdade é necessário institucionalizar a Democracia. Para isso o Programa do MFA determina:
Eleições para a Assembleia Constituinte - 25 de Abril de 1975
Eleições 1975
Filas de espera
Arquivo Nacional Torre do Tombo – PT-TT-FLA-SF-001-2000-006_m0001
AO FIM DE DOIS ANOS O MFA TRANSMITE A SUA LEGITIMIDADE REVOLUCIONÁRIA, ADQUIRIDA NO DIA 25 DE ABRIL DE 1974 APÓS O DERRUBE DA DITADURA, PARA UMA NOVA LEGITIMIDADE DEMOCRÁTICA ASSENTE NO SUFRÁGIO UNIVERSAL, DIRETO E SECRETO.
INSTITUCIONALIZAÇÃO DA DEMOCRACIA: ANO DA APROVAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO DE 1976. ANO DE TODAS AS ELEIÇÕES
Logo que eleitos pela Nação a Assembleia Legislativa e o novo Presidente da República, será dissolvida a Junta de Salvação Nacional e a ação das forças armadas será restringida à sua missão específica de defesa da soberania nacional. “
ESTAVA INSTITUCIONALIZADA A DEMOCRACIA ESTAVA CUMPRIDO ABRIL
2 de Abril de 1976
De acordo com a letra da nova Constituição o ano de 1976 é o ano de todas as eleições.
25 de Abril de 1976
Eleição para a Assembleia da República
27 de Junho de 1976
Eleição para o Presidente da República
27 de Junho de 1976
Eleições para as Assembleias Regionais dos Açores e da Madeira
12 de Dezembro de 1976
Eleições Autárquicas
Paz – Descolonização e Independência
Na sequência do 25 de Abril de 1974, foi possível estabelecer negociações políticas e de paz que conduziram em 1975, um ano após a Revolução, a que cinco novos países africanos de expressão portuguesa atingissem a sua independência.
República de Cabo Verde
Independência: 5 de julho de 1975
Primeiro Presidente da República de Cabo Verde: Aristides Pereira
República da Guiné Bissau
Independência: 24 de setembro de 1973
Reconhecimento da Independência por Portugal: 10 de setembro de 1974
Primeiro Presidente da República da Guiné Bissau: Luís Cabral
República Democrática de São Tomé e Príncipe
Independência: 12 de julho de 1975
Primeiro Presidente da República Democrática de São Tomé e Príncipe: Pinto da Costa
República Popular de Angola
Independência: 11 de novembro de 1975
Primeiro Presidente da República Popular de Angola: Agostinho Neto
República de Moçambique
Independência: 25 de junho de 1975
Primeiro Presidente da República de Moçambique: Samora Machel