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O esforço para marcar a diferença “liberalizadora” na actividade sindical no período da designada «Primavera Marcelista» introduz mudanças significativas na mobilização dos trabalhadores e na organização dos sindicatos. Embora com avanços e (muitos) recuos, este é um dos aspectos mais significativos do Marcelismo que é reconhecido e aproveitado pelas oposições à ditadura.

Fila para votação nas eleições sindicais dos bancários, Rua de São José, Lisboa, s.d. Fotógrafo não identificado. Fonte: Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas
Planta de localização das mesas de voto nas eleições para os corpos gerentes do Sindicato dos Metalúrgicos de Lisboa, 15 de Dezembro de 1973. Fonte: ANTT, PIDE-DGS

A partir de 1969, os sindicatos dirigidos por listas de oposição ao Estado Novo, também designadas «listas anti-corporativas» ou «listas B», cresceram exponencialmente.

Num total de 325 sindicatos, 17 listas B dirigiam os sindicatos em 1969; 27 em 1970; 31 em 1971; 40 em 1972; 44 em 1973; e 48 nos primeiros meses de 1974. Porém, os sindicatos dominados por indefectíveis do regime — as chamadas «listas A» — eram ainda 280 nos primeiros meses de 1974.

 

Edital do Sindicato dos Bancários do Porto referente às eleições dos corpos gerentes para o triénio de 1972-1974, 10 de Março de 1972. Publicação não identificada.Fonte: Ephemera
Panfleto do Sindicato dos Metalúrgicos apelando ao voto nas eleições para os corpos gerentes, s.d. Fonte: Ephemera
Comunicado do Sindicato dos Bancários de Lisboa apelando ao voto nas eleições para os corpos gerentes, [1972]. Fonte: ANTT, PIDE-DGS
Fila para votação nas eleições para os corpos gerentes do Sindicato dos Bancários, Rua de São José, Lisboa, s.d. Fotógrafo não identificado.Fonte: Sindicato dos Bancários do Sul e Ilhas
Tarjeta do Sindicato dos Técnicos de Desenho alusiva à liberdade sindical, [1971]. Fonte: ANTT, PIDE, DGS.
Estatuto de Delegados - Projecto de Decreto-Lei, brochura do Sindicato dos Bancários de Lisboa, Abril de 1974.Fonte: ANTT, PIDE-DGS

 

Tarjeta do Sindicato dos Empregados de Escritório do Porto, [1971]. Fonte: ANTT, PIDE-DGS
Circular do Sindicato dos Caixeiros de Lisboa apelando ao voto nas eleições para os corpos gerentes, 24 de Janeiro de 1973. Fonte: Ephemera

Se as «listas B» permaneceram um fenómeno reduzido, o seu crescimento foi consistente e não se alterou durante o Marcelismo, mesmo após 1970, quando o regime inflectiu o que parecia ser uma abertura ao sindicalismo livre.

Apesar de não muito numerosos, os sindicatos dominados por listas anti-corporativas contavam-se entre os mais importantes, quer pelo seu elevado número de sócios (casos dos Caixeiros de Lisboa, dos Metalúrgicos de Lisboa, Porto e Braga, e dos Têxteis de Guimarães), quer pelo lugar estratégico que ocupavam na economia do país (trabalhadores da Carris de Lisboa, carregadores e descarregadores do Porto de Lisboa, e Químicos de Lisboa), quer ainda pelo lugar estratégico e pelo elevado estatuto social dos seus trabalhadores (pessoal de voo, jornalistas, engenheiros e médicos).

 

 

Excerto de Informação do Sindicato dos Electricistas de Lisboa, 23 de Fevereiro de 1974. Fonte: ANTT, PIDE-DGS
Comunicado do Sindicato dos Lanifícios de Castelo Branco apelando ao associativismo sindical, s.d.Fonte: ANTT, PIDE-DGS
Panfleto do Sindicato dos Metalúrgicos apelando ao voto na lista anti-corporativa candidata às eleições para os corpos gerentes de 15 de Dezembro de 1973, s.d. Fonte: Ephemera

As listas anti-corporativas tinham ainda maior peso entre as classes de maior estatuto social, como os serviços, e tendiam a concentrar-se em Lisboa e no Porto, pontuando ainda outros territórios urbanos industriais. Por fim, as «listas B» tiveram uma vitalidade e uma capacidade de mobilização que contrastou, na generalidade, com as das «listas A», cujos membros eram, em regra, mais envelhecidos, habituados a viver na sombra dos delegados do INTP e a recorrer à ferramenta da impugnação para afastar os opositores.

Este dinamismo em torno dos sindicatos acabou também por ter impacto mesmo nas listas favoráveis à ditadura, que procuravam acompanhar o desempenho dos seus opositores.

Excerto de Comunicado n. 4 do Sindicato dos Bancários de Coimbra apelando ao voto nas eleições sindicais e à unidade dos trabalhadores, 7 de Junho de 1973.Fonte: ANTT, PIDE-DGS
O Motorista, Janeiro, Fevereiro e Março de 1973.Fonte: Ephemera

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