O Movimento das Forças Armadas (MFA) deixou um indiscutível legado aos portugueses, pois, logo a seguir ao 25 de Abril, usufruímos de um período de intensa Liberdade que se foi institucionalizando através de eleições por sufrágio universal, direto e secreto, até que, já com a Constituição da República Portuguesa de 1976 em vigor, foram eleitos os órgãos de soberania nacionais e regionais e tiveram lugar as eleições autárquicas. Estava institucionalizada a Democracia.

O principal problema que o país enfrentava, uma longa Guerra Colonial, foi alvo da ação do MFA, num processo complexo e difícil, mas que conduziu ao cessar-fogo e à Paz, iniciando-se um período de negociações com os Movimentos de Libertação, no sentido de se avançar para uma Descolonização que conduzisse à independência das ex-colónias.

Podemos perguntar: como foi possível que um grupo de jovens oficiais tivesse conseguido planear e executar uma tão vasta, complexa e difícil operação político-militar como foi o 25 de Abril?

A resposta é: Guerra Colonial. Os jovens oficiais do MFA foram temperados no exercício de comando de unidades militares, nas longínquas terras de África, por períodos de dois anos, enfrentando inúmeras dificuldades operacionais, logísticas e humanas. Muitos dos oficiais do 25 de Abril tinham dois, quatro, seis, e outros ainda mais anos no exercício deste tipo de funções.

Os oficiais do MFA tinham capacidade de comando, coragem, determinação e conhecimento operacional, para que, no dia 25 de Abril, às três da manhã, de cerca de 30 unidades diferentes, de Norte a Sul do País, em simultâneo, saíssem forças rumo aos seus objetivos, numa operação militar – Operação Viragem Histórica – extraordinariamente bem concebida, planeada, conduzida e executada.

Passados dois anos do dia 25 de Abril de 1974, os militares do MFA tinham cumprido as suas promessas: democratizaram e transmitiram por via eleitoral a legitimidade revolucionária a novos órgãos de soberania. Conseguiu-se a paz, e foi também desenvolvido um difícil e complexo processo de descolonização, que conduziu ao nascimento de cinco novos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa.

Textos da autoria de Pedro Lauret, comissário científico